TRAJETÓRIA DO ESPETÁCULO EM LEOPOLDINA: um recorte historiográfico sobre as Artes Cênicas no interior mineiro durante o final do século XIX e início do século XX

Theatro Alencar – Leopoldina/Minas Gerais. Séculos XIX, XX e XXI.

Quem trouxes do mar?
Ogum Beira Mar.
Quando ele vem
Beirando a areia
Vem trazendo no braço direito
O rosário de Mamãe Sereia.

Aos que navegam entre as tempestuosas passagens do tempo, informo a existência de uma trajetória, agora disponível para ser percorrida. Sem muitas delongas, pois, acredito que a trajetória, à quem interessar possa, falará por si só. Deixemos então, ao gosto do leitor que navega entre as histórias do teatro brasileiro; neste caso, pelos mares de montanhas do interior das Minas Gerais.

https://www.academia.edu/86035904/Trajet%C3%B3ria_do_espet%C3%A1culo_em_Leopoldina_um_recorte_sobre_as_Artes_C%C3%AAnicas_no_interior_mineiro_durante_o_final_do_s%C3%A9culo_XIX_e_in%C3%ADcio_do_s%C3%A9culo_XX_Disserta%C3%A7%C3%A3o_de_Mestrado_PPGAC_UFOP_2022_

Os Primórdios do Teatro no Brasil: da Colonização Portuguesa ao Teatro Jesuítico do século XVI

Alan Villela Barroso*

 

Durante a expansão marítima, ocorrida no século XVI, impulsionada pelos portugueses e europeus, visando a conquista de novos impérios, tesouros e riquezas, o Brasil foi, de repente, “descoberto”. Quando as capitanias portuguesas de Pedro Álvares Cabral desembarcaram em terras brasileiras, diferentemente do que esperavam, não acharam o ouro e os minerais preciosos que buscavam encontrar. Mas, diante do clima tropical, da natureza vasta, selvagem e abundante, com tanta variedade de fauna e flora, somada à existência dos povos indígenas, aos olhos dos portugueses, “selvagens”, “obscenos” e, sobretudo, “mão de obra”, o Brasil tornou-se um ambiente favorável para o enriquecimento, através do desenvolvimento de uma economia própria às suas condições climáticas, neste caso, o cultivo da cana de açúcar e sua exportação para a Europa, onde o produto – especiaria -, era vastamente consumido, considerado como o verdadeiro “ouro branco”, tamanho seu valor e apreciação. 

Com a ocupação das terras, os povos indígenas, nativos brasileiros, sofreram um processo de ruptura com suas próprias culturas e identidades, substituídas pelos costumes, a língua e o pensamento europeu. Com um plano estratégico, idealizado pela Igreja e pelos colonizadores em extinguir totalmente a cultura indígena, o Tupi, a língua dos nativos, foi substituída pelo português (ou castelhano), ao mesmo compasso em que as roupas e o “pecado”, cobriam a liberdade de seus corpos, rituais e pensamentos, até aquele momento, livres de preconceitos ou pudores. 

A partir do cruzamento dessas culturas – a do europeu e a do indígena brasileiro – germinou uma espécie de brasilidade portuguesa, uma miscigenação de culturas e raças, que transformou-se na cara e na colônia do Brasil. Historicamente, nossa brasilidade advém, portanto, da mistura de três raças distintas: a do índio (o nativo que se tornou cativo), do branco (o europeu colonizador) e, ainda, o negro, surgindo em nossa história de maneira arbitrária, sob a condição de escravo, retirado à força pelos colonizadores do berço de sua mãe, África. Assim, inicia-se a história do teatro no Brasil, com a colonização portuguesa, somada aos interesses da Igreja Católica. Curiosamente, esta também é a história de como o pecado chegou por aqui, vindo da Europa de barco, com a Companhia de Jesus e os Jesuítas.

Assim, compreende-se que o processo de colonização ia muito além de questões territoriais, sendo urgente estabelecer, também, um processo de “colonização dos costumes”, excluindo e ignorando qualquer manifestação cultural indígena, ao contrário, espalhando e impondo os conceitos de moral e costumes portugueses, fundamentados no pensamento e na fé cristã da Europa do século XVI. 

A ideia de pecado, desconhecida entre os índios, exercia um papel específico em amedrontar o pensamento, eliminando os costumes e convertendo aqueles considerados “pecadores”, ou seja, quem não enquadrava-se  à moral cristã. Neste caso, pecadores seriam todos os índios nativos, existentes em terras brasileiras que, conhecendo e praticando sua própria cultura, tornaram-se uma mazela social aos interesses da Igreja e dos portugueses, uma situação que deveria ser rapidamente convertida, para que se alcançasse a “salvação”, somente pela expurgação dos pecados e conversão ao cristianismo, garantindo o progresso da colônia portuguesa em terras brasileiras. 

Neste sentido, a Igreja desempenhou um papel específico durante a colonização do Brasil: a doutrinação e a catequização dos índios, na imposição de uma nova forma de pensar e se comportar, dentro dos parâmetros e pretensões de uma sociedade que buscava-se formar, e foi através do teatro que a Igreja encontrou os moldes necessários para se aproximar e se comunicar com os índios.  O teatro que emerge neste momento, possui um caráter estritamente religioso, voltado para o ensinamento da fé cristã e a conversão doutrinária. Por essas características, os “Autos” são consideradas as peças teatrais oriundas deste período. De acordo com o Dicionário do Teatro Brasileiro: 

 

[…] No Brasil, há notícias de representações de autos profanos em um período anterior a 1561, data em que Manuel de Nóbrega, provincial da Companhia de Jesus, encomendou ao noviço José de Anchieta a composição de um auto comemorativo adequado aos propósitos de conversão religiosa dos missionários jesuítas. A primeira dessas peças de instrução e devoção, da qual restam somente fragmentos sem título, recebeu, para fins editoriais, a denominação de Auto da Pregação Universal. Foi encenada na aldeia de Piratininga, entre 1561 e 1562, e adaptada para festividades cívicas e religiosas em outros aldeamentos (GUINSBURG; FARIA; LIMA, 2009, p. 48).

 

É na figura do Padre José de Anchieta (1534-1597), espanhol missionário da Companhia de Jesus, o principal responsável em catequizar os pensamentos europeus entre os povos indígenas, baseados na doutrina cristã, disseminando as ideias de pecado, pecador e, consequentemente, do castigo divino. De acordo com Décio de Almeida Prado, em seus Autos:

 

Anchieta […] apresenta-se impregnado pela vertente pessimista do cristianismo – a do pecado original, do homem enquanto lodo – , embora sem omitir, nem poderia fazê-lo, a redenção tornada possível pelo sacrifício de Jesus (PRADO, 2012, p. 25).

 

Partindo da compreensão de existência da pecaminosidade humana, o pecado foi um artifício psicológico utilizado pela Igreja entre os índios, para causar-lhes medo do inevitável castigo divino, sempre à espreita. Pretendia-se que o receio da consequente punição desempenhasse mudanças em suas condutas e costumes, considerados anti cristãos e imorais, portanto, impróprios para o progresso da civilização. Assim, a escravidão indígena, em épocas de colonização brasileira, justifica-se, pela Igreja cristã, como a forma mais adequada de livramento dos pecados, através do sofrimento, da redenção e pelo empenhado trabalho de servidão à Deus.

Assim, surgem os primeiros registros do teatro no Brasil, denominado “Teatro Jesuítico”, liderado por José de Anchieta. Em seus Autos ou Sermões Dramáticos, observa-se a existência de uma estrutura narrativa clara, cujos objetivos remontam os Autos desenvolvidos desde o século XIII na Península Ibérica: condenar os pecados e castigar os infiéis. Ainda de acordo com Décio de Almeida Prado, “a condenação impiedosa do pecador, a presença do castigo eterno pairando sobre a cabeça de todos, e não apenas dos infiéis, talvez fosse uma das regras do gênero, se não a sua regra básica” (PRADO, 2012, p. 25). 

O caráter religioso, de cunho moral e com a presença constante do sagrado e do profano, do divino e demoníaco, alinhando as ideias de medo, pecado, castigo, conversão e salvação, são as características principais do Teatro Jesuítico, sendo:

 

Concebido como parte de uma festa maior, que nem por ser religiosa deixa de ter lados francamente profanos e divertidos; o constante deslocamento no espaço (observável também nas festividades indígenas), […] as figuras simbólicas, quando não sacras (a Sé, a Cidade, o Anjo); o cenário quase sempre natural; os papéis interpretados por alunos de vários níveis, sem exclusão dos indígenas; o diabo visto como fonte de comicidade, à maneira indígena […]; a comunicação de natureza sensorial, proporcionada pela música e pela dança, com os instrumentos indígenas de sopro e percussão sendo equiparados aos correspondentes europeus (frauta, tambor) (PRADO, 2012, p. 24).

 

A colonização do Brasil foi um verdadeiro processo de negação e desfiguração de uma cultura advinda das raízes brasileiras, ao transformar o índio nativo em sujeito cativo, escravo de sua própria riqueza. Assim, a catequização cristã utilizava-se do teatro como ferramenta de aproximação, comunicação e ação sobre o índio que, conforme aponta Décio, partia de dois princípios básicos: “substituir uma religião (ou mitologia) por outra e um código moral por outro.” (PRADO, 2012, p. 28). Sob esta ótica, eram negadas, excluídas e deturpadas as tradições e culturas indígenas, substituídas pelos costumes europeus, respeitando os fundamentos da moral cristã.

Neste cenário, observa-se nos Autos atribuídos ao padre José de Anchieta a existência de algumas distinções em relação aos Autos Ibéricos, por exemplo, a adoção do Tupi, língua nativa dos índios. De acordo com o Dicionário do Teatro Brasileiro, o primeiro Auto a ser concebido foi escrito “em três línguas (tupi, português e espanhol), e incorporando a estrutura da narrativa os cerimoniais indígenas (GUINSBURG; FARIA; LIMA, 2009, p. 48).

Estas primeiras encenações teatrais no Brasil surgiram sem muitas preocupações estéticas ou artísticas, com o objetivo principal em catequizar e converter o índio pois, para os jesuítas, “importava o “recado” […] religioso, não a estruturação e o acabamento artístico” (PRADO, 2012, p.28), no intuito de comunicar a mensagem, que era sempre a mesma: “não sejam índios, sejam europeus – pregava a Igreja. E acrescentava: se com isso perderem o reino da terra – da sua terra – , ganharão o reino do Céu”. (Ibid.). 

Após o falecimento de Anchieta e ao longo dos séculos XVII e XVIII, a Companhia de Jesus deixou de existir, assim como o próprio Teatro Jesuítico no Brasil como apontado por João Roberto Faria: “não tendo havido outro santo, outro candidato à beatificação, desapareceram com o tempo os textos dramáticos porventura escritos por membros da Companhia, antes e depois da morte de Anchieta” (FARIA, 2012, p. 37). 

Mesmo extinguido, o Teatro Jesuíta no Brasil deixou suas contribuições para a concepção de estruturas de encenações e narrativas cênicas que reverberaram nos séculos subsequentes, sendo facilmente identificados alguns de seus elementos em festejos e rituais religiosos da Igreja Cristã, desempenhados nos pequenos arraiais e cidades do interior de Minas Gerais. Como observado por Affonso Ávila: “toda festa mineira da época é sempre um espetáculo total e o teatro tem aí um papel de destaque, com ele se encerrando habitualmente as programações iniciadas com as missas solenes, os Te-Deums” (ÁVILA, 1978, p. 2). Um exemplo claro foi o Festival à Santa Cecília, uma festa religiosa tradicional, comemorada em Leopoldina, em 23 de novembro de 1888, segundo observado no jornal Irradiação, circulado em 14 de novembro de 1888 no município:

 

Terá o festival uma parte religioza e outra profana; aquela, compor-se-ha de missa cantada pela manhã e procissão a tarde; a noite, no Theatro Alencar, realizar-se-ha a parte profana com um grande concerto, funccionando todos os artistas e amadores, que tomam parte na festa religioza (IRRADIAÇÂO, a. I, n. 39, 1888, p.2).

 

Percebe-se na transcrição acima alguns elementos semelhantes ao do Teatro Jesuítico, desenvolvido por Anchieta no século XVI, como a divisão dos Autos entre a parte sagrada e a profana, a influência da música e dos instrumentos musicais, a participação de atores e de amadores nas atuações das personagens, o deslocamento do público pelos espaços da cidade – a Igreja, a rua e o teatro -, evidenciando a passagem do tempo na encenação teatral, pela transição natural do dia e da noite. Logo, “teatro e religião, unidos como no já remoto elo dos primórdios da colonização do país, confundem-se portanto no amanhecer cultural das Minas, a partir de então, atuando, cada qual a seu modo, no desenvolvimento espiritual do homem montanhês” (ÁVILA, 1978, p. 2).

irradiação2
IRRADIAÇÃO, Orgão Republicano, 1888, a. i, n. 39, p. 1. Leopoldina – MG, 1888.

irradiação
IRRADIAÇÃO, Orgão Republicano, 1888, a. i, n. 39, p. 2. Leopoldina – MG, 1888.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÁVILA, Affonso. O Teatro em Minas Gerais: Séculos XVIII e XIX. Prefeitura Municipal de Ouro Preto. Ouro Preto, MG – 1978.

FARIA, João Roberto (Org.) História do Teatro Brasileiro – Das origens ao teatro profissional da primeira metade do século XX. São Paulo: Perspectiva: Edições SESCSP, 2012.

GUINSBURG, J.; FARIA, João Roberto; LIMA, Mariangela Alves de. Dicionário do Teatro Brasileiro – Temas, Formas e Conceitos. São Paulo: Perspectiva: Edições SESCSP, 2009.

IRRADIAÇÃO, Orgão Republicano, 1888, a. i, n. 39, p. 2. Leopoldina – MG, 1888.

PRADO, Décio de Almeida. O Teatro Jesuítico, p. 21-38. Capítulo em FARIA, João Roberto (Org.) História do Teatro Brasileiro – Das origens ao teatro profissional da primeira metade do século XX. São Paulo: Perspectiva: Edições SESCSP, 2012.

*Sobre o autor: Alan V. Barroso é professor na Secretaria de Educação de Minas Gerais, em Leopoldina. Discente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – PPGAC, da Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP. Licenciado em Artes Cênicas (UFOP) e especializado em Cultura em Literatura (FESL).

Do Culto Sagrado ao Coro do Carnaval: A origem das representações teatrais no ocidente, suas influências na festa da carne e a representatividade em Leopoldina, MG

Alan Villela Barroso[1]

 

A origem do carnaval advém, historicamente, do surgimento do Teatro, na Grécia Antiga, das antigas tradições populares de adoração aos deuses da mitologia, como Dioniso, deus do vinho e da fertilidade, responsável pela fartura e prosperidade dos povos gregos. Cultuado em rituais religiosos onde a manifestação divina se expressava através de cantos e danças, sagradas e profanas, Dioniso era a personificação dos prazeres e sacrifícios carnais, pelo entrelaçamento dos corpos em festa, nas fartas rodas de orgias e alegrias. Segundo Margot Berthold, em História Mundial do Teatro:

Dioniso, a encarnação da embriaguez e do arrebatamento, é o espírito selvagem do contraste, a contradição extática da bem-aventurança e do horror. Ele é a fonte da sensualidade e da crueldade, da vida procriadora e da destruição letal (BERTOLD, 2014, p. 104).

Baco, na mitologia romana; Exu, sob uma perspectiva moderna na mitologia yorubá; ou Dioniso, na mitologia grega. Todos criadores e criaturas manifestas em instintos criativos, nos pulsos de vida que procriam a criação. Cultuado nos grandes festejos religiosos, em rituais mitológicos e nos ritos da carne e do corpo, Dioniso foi um deus amplamente cultuado por toda Antiguidade Ática. Para Bertold:

 

Os festivais rurais da prensagem do vinho, em dezembro, e as festas das flores de Atenas, em fevereiro e março, eram dedicados a ele. As orgias desenfreadas dos vinhateiros áticos honravam-no, assim como as vozes alternadas dos ditirambos e das canções báquicas atenienses (BERTOLD, 2014, p. 103).

 

Dos rituais e cultos dionisíacos, desenvolveram-se personificações cênicas, compostas de figuras e ações, como a dança ritmada, os coros musicais que compunham a orquestra, além da caracterização com adereços e máscaras grotescas. De acordo com Patrice Pavis (2008), a expressão coro originou-se:

Do grego khoros e do latim chorus, grupo de dançarinos e cantores, festa religiosa. […] Desde o teatro grego, coro designa um grupo homogêneo de dançarinos, cantores e narradores, que toma a palavra coletivamente para comentar a ação, à qual são diversamente integrados (PAVIS, 2008, p. 73).

Pelo caráter ritualístico e artístico presentes nas manifestações religiosas, somada ao canto, a dança e a representação, no berço de Atenas, conceberam-se a Tragédia e a Comédia, os dois gêneros teatrais clássicos da Grécia Antiga e, assim, Dioniso, tornou-se o deus do Teatro.

O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA E DA COMÉDIA NA GRÉCIA ANTIGA

A palavra tragédia, de acordo com o Dicionário de Teatro, originou-se da expressão grega tragoedia, “canto do bode – sacrifício aos deuses pelos gregos” (PAVIS, 2008, p. 415). Uma prática religiosa responsável pelo amadurecimento da tragédia na Grécia Antiga foram os rituais de fertilidade realizados por sátiros dançantes e seus coros de cantores, vestidos com máscaras de bode que, “originalmente cantavam em homenagem ao herói Adrasto […] Por razões políticas, Clístenes, tirano de Sícion desde 596 a.C., transferiu tais coros de bodes para o culto a Dioniso, o deus favorito do povo da Ática”. (BERTOLD, 2014, p. 104).

Arion de Lesbos, em 600 a.C., aprimorou os elementos artísticos e performáticos nos ritos de culto aos deuses e a vegetação, concebendo uma visão poética dos rituais, organizando os coros de cantores com máscaras de bode em sincronia com os ditirambos, que acompanhavam, em canto e ritmo, o cortejo poético. “Assim, ele encontrou uma forma de arte que, originada na poesia, incorporou o canto e a dança, e que duas gerações mais tarde levou, em Atenas, à tragédia e ao teatro” (BERTOLD, 2014, p. 104).

Como observado, o uso da máscara no teatro ocidental relaciona-se, historicamente, aos rituais e as práticas religiosas da Grécia Antiga, sendo comumente utilizadas nas festas tradicionais e nos cortejos destinados aos deuses gregos, como as celebrações a Dioniso. De acordo com o Dicionário do Teatro Brasileiro:

Relacionada à tradição religiosa e à mitologia, a máscara está presente na origem do teatro grego. É largamente utilizada em festejos populares […]. Tanto as cerimônias rituais quanto as práticas teatrais trazem em si o espírito da metamorfose, o transcender o ser, em que o velamento ou o desvendamento possibilitam uma consciência mais aguda desse ser (GUINSBURG; FARIA; LIMA, 2009, p. 195-196).

Logo, tanto nas tragédias, como nas comédias, o uso da máscara tornou-se característica na teatralidade Ática e ocidental, permitindo ao ator a experiência do desdobramento poético. Do komos, expressão grega utilizada para designar as orgias realizadas por cavalheiros que “se despojavam de toda a sua dignidade por alguns dias, em nome de Dioniso, e saciavam toda a sua sede de bebida, dança e amor” (BERTOLD, 2014, p. 120), surgiu a comédia, ou komedia, a “canção ritual por ocasião do cortejo em homenagem a Dioniso” (PAVIS, 2008, p. 52).

PELO AMOR DA DEUSA: #RepresentatividadeDivina

Figura representativamente cômica presente na mitologia grega, em peças e ritos dos povos da Ática. A divindade dos poetas: Deusa Momo, considerada a personificação da ironia, do deboche e do sarcasmo. Filha de Nix, a Noite, Momo possui como elementos característicos o seu chapéu de guizos, uma máscara em uma das mãos e um boneco na outra, este último, representando a loucura. Destaca-se pelo seu caráter despojado de formalidades e pela lábia sincera, por vezes, raivosa, que a fez ser expulsa, por Zeus, do Monte Olimpo.

De acordo com a matéria Qual a Origem do Rei Momo?, publicada na revista Super Interessante, as primeiras representações de Momo ocorreram na Grécia Antiga e os registros históricos “dão conta que os primeiros reis Momos de que se tem notícia desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 ou 4 a.C.” (QUAL A, 2011, s/p), consideradas figuras marcantes durante os cortejos dedicados à Dioniso. Interessante destacar que, em Portugal, o Momo foi um gênero teatral datado de um período que antecede o teatro vicentino. Segundo REBELLO apud GUINSBURG et al. (2009, p. 204), “a palavra momo usa-se para designar, indiferentemente, tanto a própria representação, o próprio espetáculo em si, como as personagens mascaradas que nesse espetáculo participavam e os trajes e máscaras nela envergados”.

Historicamente, Momo se transformou na figura representativa do poder, da fartura e liberdade, diferenciando-se por seu jeito brincalhão e seus abundantes festejos. No Brasil, nas primeiras décadas do século XX, surgiu “a tradição de eleger um Rei Momo durante o Carnaval […] no Rio de Janeiro, em 1933. Naquele ano, a coroa foi entregue ao jornalista Morais Cardoso, que ocupou o trono até morrer, em 1948 (QUAL A, 2011, s/p).

TEATRO E CARNAVAL EM LEOPOLDINA – Um Tópico Sobre: Arte e Vitalino Duarte.

Festejo advindo dos rituais dionisíacos, o carnaval mantém sua tradição em ser uma festa popular, voltada para as massas, pautada na liberdade e na diversidade de expressões, de danças, músicas, poesias e alegorias, sendo o público, o ator-folião, convidado a participar desta festa coletiva e simultânea, com adereços, máscaras ou fantasias, onde o mesmo observa, representa e experimenta personagens e papéis sociais, descobrindo-se em novas maneiras de fruir, sentir e explorar os prazeres do corpo, da mente e da carne.

No Brasil, a história do carnaval inicia com a chegada dos portugueses, a partir da ocupação das terras indígenas, processo denominado colonização portuguesa, que também resultou na escravidão de povos africanos. De acordo com a matéria publicada pelo portal Brasil Escola, no Brasil:

Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que na colônia era praticada pelos escravos. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais também foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil (PINTO, 2019, s/p).

Grande e popular, o carnaval tornou-se a festa mais celebrada do Brasil, sendo tradição nas principais cidades de interior. Leopoldina, município localizado na região da Zona da Mata de Minas Gerais, destaca-se pela tradição do carnaval em sua cultura e no imaginário coletivo de seus habitantes. Entre os muitos protagonistas responsáveis por essa tradição, destaca-se o nome de Vitalino Duarte (1932-2003), ou Mestre Vitalino, um artista que dedicou-se a fomentar a arte e a cultura popular em Leopoldina e região. Pessoa e personagem, Vitalino transitou entre o teatro, o circo e a performance, como bem demonstra a reportagem biográfica Vitalino da Arte, Vitalino Duarte, do escritor e jornalista Luciano Baía Meneghite:

Nascido na Fazenda Copacabana em 15 de agosto de 1932, filho de Vitalino Izá Duarte e Maria Amélia Duarte, que só estudou até a segunda série primária, se não tinha certos dotes artísticos, tinha espírito livre de artista. […] Vindo para a cidade fez bicos diversos para sobreviver, sem nunca se afastar das festas folclóricas e religiosas. E assim nasceu o palhaço ou Papai Noel sempre com um megafone em punho a anunciar pelas ruas da cidade suas festas ou promoções do comércio. No carnaval se tornou mestre marcando presença por cinco décadas seja com sua boneca baiana ou com a simples, mas marcante “Escola de Samba Acadêmicos de Leopoldina”. No rádio era presença constante, seja cantando, apresentando ou apenas como convidado. Se não falava, lia ou interpretava bem, tinha carisma e teimosia suficientes e isso o fez peça fundamental na preservação e propagação das tradições culturais de Leopoldina e região (MENEGHITE, 2014, s/p).

Vitalino Duarte morou por muitos anos na Rua do Sindicato, em um quarto entupido de figurinos, cenografias e fantasias, localizado a cerca de cem metros de distância de onde nasceu o autor que escreve estas linhas. Tive, portanto, a oportunidade de conhecê-lo e de ser atingido, enquanto espectador e artista, por seu amor e dedicação pelas artes, entre os inúmeros festejos e cortejos pelo bairro da Fábrica, carregados de ritmos, cores e sonoridades.

Falecido em 2003, deu nome à Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Leopoldina, aprovada em 2017, suprindo uma lacuna no município e homenageando o legado deste inesquecível artista. A Lei Vitalino Duarte visa firmar parcerias, fortalecendo e desenvolvendo uma economia criativa na cidade, por meio de incentivos fiscais a projetos culturais, democratizando o acesso aos diferentes produtos artísticos e saberes populares. Ao valorizar a cadeia de artistas locais, a Lei objetiva movimentar os setores turístico, gastronômico e hoteleiro, através da geração de renda e capital, aumentando a expectativa no índice de empregabilidade temporária e permanente na região, estimulando a participação ativa da comunidade na concepção de novas formas de compreender, consumir e produzir arte no município.

COMMÉDIAS, CONFETTIS E PHANTASIAS: Quando o Theatro Alencar abriu as portas da alegria #CulturaPopularLeopoldinense

Entre o final do século XIX e o início do século XX, o município de Leopoldina, é historicamente marcado pela criação de suas instituições e pela formação cultural, literária, política e intelectual de sua sociedade. Neste período, destacam-se o surgimento da imprensa no município em 1879, através da criação do jornal O Leopoldinense, bem como a inauguração do Theatro Alencar em 1883, importante casa de espetáculos, cujo prédio, reformado no ano de 1927 em estilo neoclássico, encontra-se conservado na Rua Barão de Cotegipe, hoje, abrigando uma igreja.

Palco das principais representações dramáticas e convenções sociais, o Theatro Alencar, por inúmeras ocasiões, recepcionou o carnaval leopoldinense, oferecendo aos freqüentadores os famosos bailes a phantasia e as divertidas comédias encenadas especialmente para os dias de festa. A companhia dramática dirigida pela atriz e empresária Amelia Escudero chegou a Leopoldina no mês de janeiro, apresentando-se até 22 de abril de 1883, após uma temporada na cidade de Cataguases. Foi a Cia. responsável em inaugurar o Theatro Alencar no dia 19 de janeiro de 1883. Na ocasião, cerca de cento e quarenta espectadores ocuparam as arquibancadas do Alencar, satisfazendo “a mais vital aspiração do publico leopoldinense[2]”, a criação de um teatro público no município. Não foram mencionados os espetáculos representados durante a estreia.

No carnaval leopoldinense de 1883, a Companhia Escudero ofereceu três noites de espetáculos no Theatro Alencar, respectivamente em 04, 05 e 06 de fevereiro. No primeiro dia, foi encenada a ópera-cômica em 3 atos O Fantasma Branco, do dramaturgo brasileiro Joaquim Manuel de Macedo[3] (1820-1882), “porém o mau tempo não deu logar a que o espectaculo fosse concorrido como se esperava[4]”. Já em 05 de fevereiro, foi representado o drama em 1 ato Furto Abençoado, escrita especificamente para os irmãos François e Antonina Escudero, seguida da reapresentação de O Fantasma Branco. De acordo com a imprensa local, o desempenho da Cia. Escudero foi executado com perfeição, sendo o elenco ovacionado por aplausos, “ao ponto de se interromperem por mais de uma vez. Um espectador prestava tanta attenção á comedia que quando Galatéa mandou Maria pôr a língua de fóra, elle foi o primeiro a estender uma de palmo[5]”. Ressalta, ainda, a ausência da orquestra durante as representações, exceto pelo piano que “de vez em quando fazia-se ouvir acompanhando a alguem que com voz argentina prendia a attenção dos espectadores[6]”.

Não foram mencionados os espetáculos do dia 06, apesar da noite ser descrita como extraordinária. O articulista do jornal O Leopoldinense aponta a preferência do público pelo gênero cômico, já que “a maior parte dos leopoldinenses gosta de comedias, porque estas fazem rir e divertem[7]”. Evidencia a participação de artistas locais junto à Cia. Escudero, através de um grupo de amadores que “formaram em um momento excellente banda musical que executou walsas, mazurckas e habaneiras lindíssimas[8]”. Durante o intervalo do espetáculo, analisa a convenção social formada no interior do teatro, descrevendo as interações entre os espectadores:

Quando os músicos descançavam, as damas mais bellas da nossa sociedade, agitando seus leques de madreperola, quebravam o silencio com animadíssima conversação cheia de verve. Um dos bancos da frente foi occupado por um grupo carnavalesco, que não cessou de fazer rir toda a platéa. O perfume suave, que exhalavam as flores que bordavam as cabecinhas amorozas, fazia pulsar de contentamento todos os corações (O LEOPOLDINENSE, a. IV, nº. 07, 1883, p. 4).

Durante o benefício da atriz Amelia Escudero, ocorrido em 17 de fevereiro, houve completa lotação do teatro, sendo representado o drama A Virgem do Mosteiro, tradução de Souza Azevedo, “houve completa enchente: os bancos, as cadeiras e as galerias estavam tomados de dilettantes. Difficilmente encontrava-se um pequeno espaço para de pé, como se se estivesse metido em um espartilho assistir um ou outro acto[9]”. Finalizou o programa com um bailado espanhol, “no qual o Sr. Pascoal (ou alguem por elle) e seus companheiros, por mais de uma vez tiveram de vir ao proscenio receber palmas e ovações[10]”. No dia 18 de fevereiro, “houve um espectaculo variado, que muito agradou[11]” e em 25 de fevereiro, foi representado pela primeira vez em Leopoldina o melodrama em 5 atos A Graça de Deus[12], do dramaturgo francês Adolphe D’Ennery (1811-1899), com participação de todo o elenco da Cia. dramática.

 

NOTAS

[1] Discente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

[2] O Leopoldinense, ano IV, nº 04, 21 de janeiro de 1883, p. 2.

[3] BASTOS, Sousa. Carteira do Artista: apontamentos para a história do Theatro Portuguez e Brazileiro. Lisboa: Antiga Casa Bertrand-José Bastos, 1898, p. 237.

[4] O Leopoldinense, ano IV, nº 07, 11 de fevereiro de 1883, p. 4.

[5] Ibid.

[6] Ibid.

[7] Ibid.

[8] Ibid.

[9] O Leopoldinense, ano IV, nº 09, 25 de fevereiro de 1883, p. 2.

[10] Ibid.

[11] Ibid.

[12] BASTOS, Sousa. Carteira do Artista: apontamentos para a história do Theatro Portuguez e Brazileiro. Lisboa: Antiga Casa Bertrand-José Bastos, 1898, p. 228.

 

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ANEXO

CARNAVAL

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 “Evohé! Carnaval! Elle ahi está, leitor, e com elle o reinado pleno da loucura e da folia! Já hontem se notava pela cidade um desusado movimento, um grande enthusiamo pelas festas que começam hoje! Evohé! Carnaval!… Esta por toda a parte o riso franco, a gargalhada victoriosa. Momo ahi está, Deus victorioso da alegria infernal, da algazarra e da folia. Ri com elle, leitor! Deixa esse tom casmurro com que atravessas 362 dias do anno e nesses trez rapidos dias em que o seu reinado impera entre os homens, ri, canta, pula, dança! Anda por tudo um enthusiasmo imprevisto! Campeia pelas ruas a mocidade alvorotada, nas pugnas gloriosas da folia e da loucura!

Notava-se hontem á noite, na cidade, um desusado movimento. A mocidade de nossa terra, sempre avida de rir e de folgar, desde hontem se entregava aos folguedos carnavalescos. O “confetti” dançou nos ares, e os lança-perfumes encheram o espaço de um activo perfume de ether e essencias. Carnaval!

No parque Felix Martins, o lindo logradouro publico do largo do mesmo nome que é o ponto de reunião, ás tardes, das familias leopoldinenses, realizou-se hontem uma grande batalha de confetti entre rapazes e senhoritas de nossa sociedade.

Hoje, realisa-se no Theatro Alencar o primeiro dos dois grandes bailes carnavalescos levados a effeito pela nossa mocidade. Os ultimos preparativos para isso já se acham terminados e o Alencar, magnificamente adornado, apresenta um lindo aspecto. A commissão encarregada da expedição de convites fez distribuir hontem os mesmos ás familias leopoldinenses, e serão sem duvida concorridissimos, dado o enthusiasmo reinante para o mesmo. A Gazeta recebeu para elles um gentil ingresso, que muito agradece.

Os “cordões” que, durante tres dias de folguedos sahirão á rua emprestando ao carnaval deste anno, entre nós, uma nota verdadeiramente chic, fizeram hontem os seus ultimos ensaios e preparatorios. São elles os das Camponezas, das Italianas, dos Pierrots, e dos Maitacas. Sabemos que um novo cordão se prepara para os festejos: – o Bloco das Japonezas, constituido de distinctas senhoritas de nossa cidade. Assim, pois, se revestirá inquestionavelmente de um brilho extraordinario, o Carnaval deste anno.

Percorreu hontem as ruas da cidade um Zé Pereira formidando e ensurdecedor. Hoje, ás 4 horas da tarde, em pleno reinado da folia, um outro Zé Pereira abalará, numa algazarra infernal, as ruas de Leopoldina.

Hontem, ás 7 horas da noite, distinguiu-nos com a sua visita uma commissão de distinctas senhoritas do Bloco das Japonezas, que em nosso escriptorio cantaram alguns versos dos quaes conseguimos apanhar estes:

“Tentei fazer um véo

De seda fina,

Para ter luxo e gosto

Em Leopoldina.

Di-di, Ná-ná,

P’rá lá, vem cá,

Vem cá!

Adeus! Oh minha gente

Até a vista…

Então repetiremos

Nossa revista

Tão-tão, Tão-tão

Viva o bom

Japão!”

O Bloco das Japonezas, deverá sahir á tarde, de carro, percorrendo a nossa cidade.

O Cordão das Maitacas, que é constituido de gracis meninas até dois annos, será uma nota encantadora nos folguedos projectados para a recepção de Deus Momo. Evohé! Carnaval!

Está organizado o Bloco das Cabecinhas Vermelhas. E’ constituido exclusivamente de creanças e promette ser uma nota chic nas festas de Momo. Uma gentil representante do Bloco das Cabecinhas Vermelhas distinguiu-nos hontem, á noite, com a sua visita e disse-nos que o bloco fará nos grandes tres dias coisas do “arco da velha”. Saudamos os cabecinhas vermelhas!

Um grupo de socios do Ribeiro Junqueira Foot Ball Club pretende organizar para amanhã um “match” a phantasia.”

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERTOLD, Margot. História Mundial do Teatro. 6º. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2014.

CARNAVAL. Gazeta de Leopoldina, ano XXI, nº 252, 05/03/1916, página 4. Leopoldina: MG, 1916.

CASCUDO, Luis da Camara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Ediouro, 2000.

GUINSBURG, J.; FARIA, João Roberto; LIMA, Mariangela Alves de. Dicionário do Teatro Brasileiro: Temas, Formas e Conceitos. 2ª ed. ver. e ampl. – São Paulo: Perspectiva, Edições SESC SP, 2009.

MENEGHITE, Luciano Baía. Vitalino da Arte, Vitalino Duarte. Leopoldinense. Leopoldina, MG, 2014. Disponível em: <https://leopoldinense.com.br/noticia/353/vitalino-duarte>. Acesso em: 06 de março de 2019.

PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro. 3ª ed. – São Paulo: Perspectiva, 2008.

PINTO, Tales dos Santos. História do Carnaval e Suas OrigensBrasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval.htm>. Acesso em 05 de março de 2019.

QUAL A Origem do Rei Momo?. Revista Super Interessante. São Paulo: Grupo Abril, 2011. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a-origem-do-rei-momo/>. Acesso em: 04 de março de 2019.

THEATRO E….O Leopoldinense, ano IV, nº 07, 11/02/1883, página 2. Leopoldina: MG, 1883.

NOTAS

[2] GUINSBURG, J.; FARIA, João Roberto; LIMA, Mariangela Alves de. Dicionário do Teatro Brasileiro: Temas, Formas e Conceitos. 2ª ed. ver. e ampl. – São Paulo: Perspectiva, Edições SESC SP, 2009, página 204.

[3] Publicado em Panorama do Teatro em Leopoldina, um blog WordPress, 2018-2019. Disponível em: <https://theatroalencar.wordpress.com/cronologia-do-teatro-em-leopoldina-anos-finais-do-seculo-xix-1880-a-1899/>. Acesso em: 05 de março de 2019.

[4] THEATRO E….O Leopoldinense, ano IV, nº 07, 11/02/1883, página 2. Leopoldina: MG, 1883.

[5] CARNAVAL. Gazeta de Leopoldina, ano XXI, nº 252, 05/03/1916, página 4. Leopoldina: MG, 1916. Diretor: Dr. Ribeiro Junqueira. Fonte de acesso: Biblioteca Municipal de Leopoldina, Centro Cultural Mauro de Almeida Pereira.

ANEXO

Imagens

Theatro e...
Reportagem Theatro E…, publicada no jornal O Leopoldinense, ano IV, nº 07, 11/02/1883, página 2. Leopoldina: MG, 1883. Disponível em: . Acesso em: 06/03/2019.

Reportagem Carnaval, publicada no jornal Gazeta de Leopoldina, ano XXI, nº 252, 05/03/1916, página 4. Leopoldina: MG, 1916. Disponível para consulta na Biblioteca Municipal de Leopoldina.

*Sobre o autor: Alan V. Barroso é professor na Secretaria de Educação de Minas Gerais, em Leopoldina. Discente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – PPGAC, da Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP. Licenciado em Artes Cênicas (UFOP) e especializado em Cultura em Literatura (FESL).

A Efervescência do Audiovisual Em Leopoldina: do Cinematógrafo Lumière no século XIX, ao Cinema Leopoldina no século XX.

Entrou em vigor no dia 17 de janeiro de 2019 no município de Leopoldina, um decreto que proíbe o uso de fogos de artifício que causem barulhos, explosões ou estampidos. De acordo com a reportagem publicada no jornal O Vigilante Online:

A lei permite apenas a soltura de fogos de efeito visual, sem qualquer tipo de barulho. A restrição vale para qualquer área da município, pública ou particular. A justificativa do PL apresentou informações […] segundo as quais, nos últimos vinte anos foram registrados 122 óbitos por acidente com fogos de artifício, sendo que 23,8% dos acidentados eram menores de 18 anos. […] dados do Ministério da Saúde que apontam que mais de 7000 pessoas, nos últimos anos, sofreram lesões em resultado ao uso de fogos (LEI QUE, 2019, s/p).

Se por um lado, os fogos de artifício atraem olhares e atenção de seus espectadores, seja pela beleza ou pela emoção, por outro, traz riscos, podendo causar sérios danos ao público ou em quem o manuseia. Historicamente, seu uso remete a mais de 2.000 anos, em rituais sagrados e religiosos realizados por povos asiáticos, em uma versão tradicional e naturalizada: o bambu que, jogado na fogueira, explodia e, desta forma, espantava os maus espíritos.

Com o avanço das tecnologias em um período marcado por grandes descobertas científicas, a sociedade mergulhou em uma era de inovações, com o entardecer do século XIX, e o desabrochar do século XX. Assim, novas técnicas para a criação de fogos de artifícios foram desenvolvidas e, logo, o artefato festivo tornou-se popular nas grandes e pequenas cidades, como Leopoldina, em Minas Gerais, onde ganhou papel relevante, principalmente nos festejos religiosos, nas datas cívicas e nas mais variadas funções.

Com o despertar de modernas ciências e de novas maneiras de enxergar, sentir e viver em sociedade, uma tecnologia em particular marcou a virada dos séculos no ocidente: o Cinematographo Lumiére, o primórdio do Cinema. Diferentes cientistas e inventores foram responsáveis pelo desenvolvimento desta tecnologia, durante o final do século XIX. Mas, em 1895, o cinematógrafo foi patenteado pelos irmãos Lumière, que aprimoraram o equipamento, fazendo-o funcionar como uma espécie de filmadora, capaz de revelar e projetar as películas.

cinematographe1
Lumière Cinématographe set up for projection, 1895-96 Fonte: http://www.victorian-cinema.net/machines#cinematographelumiere

O Cinematographo Lumière chegou a Leopoldina nas retas finais do século XIX, sendo apresentado pela primeira vez em 08 de junho de 1899, no Theatro Alencar, durante temporada da importante atriz brasileira Apolônia Pinto[1] (1854-1937). Filha de artistas portugueses, Apolônia nasceu no Maranhão, dentro de um camarim no Theatro São Luís, atual Teatro Arthur Azevedo, o mesmo camarim usado no dia de sua estreia como atriz, em 21 de junho de 1866, aos 12 anos de idade, no drama A Cigana de Paris. Conquistou uma carreira singular nos palcos, destacando-se no Rio de Janeiro e São Paulo, considerada pela historiografia como uma das primeiras, se não, a primeira grande atriz do teatro brasileiro. Ao lado de seu esposo Germano Alves, também ator, esteve em Leopoldina ao longo do mês de junho, representando dramas e comédias, além de exibições do aparelho cinematógrafo.

Anunciado pela Gazeta de Leopoldina como um “colossal acontecimento ~ novidade extraordinaria. Grandiosa exposição da maravilhosa machina cinematographo lumière proclamada por toda a imprensa o mais perfeito e melhor que até hoje tem apparecido[2]”,  a grande estreia dos artistas ocorrida no dia oito contou com a encenação da comédia em 1 ato Uma Mulher Sabichona, do dramaturgo brasileiro Arthur de Azevedo[3], seguida da comédia Um Casal de Galhetas. Segundo a imprensa local, “em ambas as comedias os artistas mostraram-se inteiros senhores dos papeis dando-lhes aquella vida indispensavel ao bom desempenho de uma peça[4]”.

Na terceira parte do programa, foram exibidos quadros e imagens no cinematógrafo, aparelho pela primeira vez “apresentado n’esta cidade. Agradou de extremo recebendo alguns quadros muitas palmas e mesmo pedido de bis. Foram elles – Partida de uma batalhão hespanhol para Cuba, Chegada do comboio de Cintra e Os Mergulhadores na Africa Portugueza.[5]” No espetáculo do dia 11 de junho, na primeira parte do programa foi representada a comédia Uma Mulher Sabichona, seguida da “engraçada farça de successo garantido[6]A Prima e o Bordão, encerrando com o tango da peça Bico de Papagaio. Finalizou o programa a sessão de cinematógrafo, dividida em duas partes. Durante os intervalos, o Theatro Alencar foi iluminado à luz elétrica, uma novidade à época.

Abaixo, recorte da época, retirado do jornal Gazeta de Leopoldina, publicado em 11 de junho de 1899, disponível para consulta na Biblioteca Municipal de Leopoldina:

cinematographo em leopoldina 1899
Fonte: Gazeta de Leopoldina, ano V, nº 09, 11 de junho de 1899, p. 4 / Pesquisa: Alan Barroso.

THEATRO

COLOSSAL ACONTECIMENTO ~ NOVIDADE EXTRAORDINARIA

 HOJE – GRANDE SUCESSO – HOJE

Grandiosa Exposição da Maravilhosa Machina CINEMATOGRAPHO LUMIÈRE proclamada por toda a imprensa o mais perfeito e melhor que até hoje tem apparecido.

 PRIMEIRA PARTE

A engraçada comedia em 1 acto

​ Uma Mulher Sabichona

​ Do repertorio dos artistas Germano Alvez e Apollonia Pinto.

SEGUNDA PARTE

A engraçada farça de successo garantido, terminando com o tango do celebre BICO DE PAPAGAIO

A Prima e o Bordão

Pelos artistas Germano Alves e Apollonia Pinto.

TERCEIRA PARTE

CINEMATOGRAPHO

1º Quadro – Um chá em familia.

2º Quadro – Assalto a uma fortaleza.

3º Quadro – Os dois amigos.

4º Quadro – Chegada de Felix Faure a Pariz.

5º Quadro – Soldados italianos atravessando um rio na Abyssinia.

10 MINUTOS DE INTERVALO

1º Quadro – Uma partida de solo.

2º Quadro – Um baile hespanhol na rua (Madrid)

3º Quadro – Batalha de neve, em Lion.

4º Quadro – O comboio de carga do Douro (Lisboa)

5º Quadro – Um barco de Pilotos em Passos d’Arco (Portugal)

 NOS INTERVALLOS O THEATRO SERA’ ILLUMINADO A’ LUZ ELECTRICA

As crianças pagam entrada

Preços e horas de costume.

Na imagem apresentada acima, observa-se uma peça de divulgação do cinematógrafo Lumière em Leopoldina, durante um evento ocorrido nas dependências do Theatro Alencar, principal casa de espetáculos da cidade, inaugurada em 1883. O anuncio ainda destaca que: “nos intervallos o Theatro sera’ illuminado a’ luz electrica”, em uma época onde as cidades e os teatros ainda eram iluminados à gás acetileno.

Do deslumbre às curiosas exibições de quadros, fotografias e imagens variadas, o cinematógrafo aguçou o desejo do público pela busca de conhecimento e o desejo em conquistar aquilo que está além, servindo muitas vezes, como referência ao espectador leopoldinense, demonstrando a ele que existiam outros lugares, com diferentes formas de viver, enxergar e se portar no mundo. A estréia do cinematógrafo em Leopoldina foi detalhada em uma matéria extraída do jornal Gazeta de Leopoldina, ano V, nº 09, p. 2, três dias após o ocorrido:

Estréou no dia 8 do corrente com o seu “Cinematographo Lumiére” o sr. Germano Alves. Deram começo ao espectaculo duas interessantes comedias – “Uma Mulher Sabichona” e “Um Casal de Galhetas”, representados pelo sr. Germano e sua companheira a conhecida artista Apolonia Pinto. Em ambas as comedias os artistas mostraram-se inteiros senhores dos papeis dando-lhes aquella vida indispensavel ao bom desempenho de uma peça. Desde logo vimos que tinhamos no palco artistas correctos, que foram coroados com merecidos applausos. A terceira parte do espectaculo compoz-se da exhibição de quadros pelo cinematographo, apparelho que pela primeira vez é apresentado n’esta cidade. Agradou de extremo recebendo alguns quadros muitas palmas e mesmo pedido de bis. Foram elles – “Partida de uma batalhão hespanhol para Cuba”, “Chegada do comboio de Cintra” e “Os Mergulhadores na Africa Portugueza”. Effectivamente foi um bom divertimento que muito agradou á nossa platéa. Hoje haverá um novo espectaculo, onde serão apresentadas novas peças e lindos quadros. Recommendamol-o pois aos apreciadores de agradaveis diversões, chamando a sua attenção para o programma que vem na competente secção.

A tecnologia utilizada no desenvolvimento dos cinematógrafos aprimorou-se com a passagem do século XIX e, logo na primeira década do século XX, a sétima arte chegou a Leopoldina, por meio do Cinema Leopoldina, uma propriedade do, então tenente João das Chagas Monteiro, sendo o primeiro cinema da cidade, inaugurado em 08 de novembro de 1909[1], no Theatro Alencar.

De acordo com a matéria publicada no jornal O Novo Movimento, em setembro de 1910: “continua a deleitar o nosso publico a esplendida empreza cinematographica de propriedade do nosso distincto e bondoso conteraneo tenente João das Chagas Monteiro, que não mede sacrificios para proporcionar verdadeiros e empolgantes films d’arte”. Mas, nem sempre os filmes selecionados agradaram ao público, causando, as vezes, repúdio e censura, como observado na continuação da matéria supracitada:

Todavia, por descuido, aliás lamentabilissimo, têm sido exhbidas algumas fitas que estão em desaccordo completo com a austeridade da moral leopoldinense. Referimo-nos á essas fitas perniciosas representativas de infidelidades conjugaes, encarada a situação pelo prisma comico, e cujo desenrolar ante os olhos dos espectadores escandalisa sobremodo as familias, além de ser uma escola pessima. Haja vista a ultima fita passada domingo – “A Saia”, que tanta reprovação mereceu e que tão ao vivo pintou scenas bem pouco edificantes. […] Pedimos a attenção do tenente João Chagas, convencidos de que sente hante factos não mais se reproduzirá (MOVIMENTO, 1910, p. 3).

Em contrapartida, não faltaram esforços para que fossem exibidos filmes e fitas que agradassem as exmas. famílias leopoldinenses, como observado na seguinte nota:

Do Rio, onde esteve na semana passada, o tenente João das Chagas Monteiro trouxe, e será exhibido no dia 1 de novembro proximo, a empolgante fita VIDA DE CHRISTO melhor do que a que já foi vista aqui. Esta é completa e toda colorida. E’ um “film” d’arte grandiosamente emocionante e extraordinariamente bello e instructivo (MOVIMENTO, 1910, p. 3).

O Cinema Leopoldina, por meio do Dr. João Chagas Monteiro, democratizou o acesso da população a linguagem audiovisual, em grande expansão nas primeiras décadas do século XX, permitindo o acesso a filmes nacionais e importados, em exibição nos grandes centros urbanos da época. Desempenhou fundamental importância para o desenvolvimento turístico e cultural em Leopoldina, atraindo artistas e espectadores, companhias dramáticas e atores para encenarem espetáculos no palco do Alencar, movimentando os cenários social, cultural e econômico no município.

A criação e circulação de jornais, através das instalações das tipografias e a popularização destas nas cidades, serviram como importante ferramenta de comunicação e expressão de ideias, conteúdos e propagandas nos séculos XIX e XX. Em Leopoldina, a prática mais comum de divulgação de peças teatrais, filmes e eventos artísticos que ocorriam, geralmente, no Theatro Alencar, davam-se por meio de notas ou anúncios em jornais.

Observou-se, porém, uma alternativa encontrada pelo proprietário do Cinema Leopoldina, o Dr. João Chagas, para anunciar aos leopoldinenses que era dia de espetáculo, filme ou diversão no teatro os fogos de artifício. É o que denuncia a reportagem publicada na Gazeta de Leopoldina, em 11 de maio de 1913:

A empreza Chagas precisa de comprar melhores foguetes para annunciar as suas funcções ou então mister se torna a prohibição, por parte da Camara, desse meio de attrahir espectadores ao “Alencar”. Quasi todas as noites de sessão os foguetes alli atirados, devido a má qualidade dos mesmos ou impericia dos encarregados de fazel-os subir, cahem sobre o telhado das casas visinhas e as vezes mesmo na rua, ahi arrebentando as suas bombas, com grave perigo para o publico. Attencioso como é o sr. Emprezario, temos certeza que o nosso reparo será tomado na devida consideração.

Finalmente, 106 anos depois, vimos cumprir um desejo tão mister, com a vigência do decreto que proíbe o uso dos fogos de artifícios em Leopoldina. Comemoramos a ocasião com estas linhas pois, uma vez proibido o seu uso, não podemos mais soltá-los.

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QUADROS, FILMES E FOTOGRAFIAS: Lista Geral do Audiovisual Exibido em Leopoldina na Transição dos Séculos XIX-XX

Abaixo, uma lista organizada em ordem cronológica dos principais filmes e peças, exibidos nos cinematógrafos e cinemas leopoldinenses, todos eles no Theatro Alencar, durante o final do século XIX e primeiros anos do século XX. As informações foram extraídas dos jornais Gazeta de Leopoldina e O Novo Movimento. Posteriormente, serão inseridas as informações relacionadas aos filmes, descritos pela imprensa.

Cinematógrafos:

1899:

Cinematographo Lumiére, propriedade de Germano Alvez e Apollonia Pinto, no Theatro Alencar:

Quadros na ordem de apresentação: Um chá em família; Assalto a uma fortaleza; Os dois amigos; Chegada de Felix Faure a Pariz; Soldados italianos atravessando um rio na Abyssinia; Uma partida de solo; Um baile hespanhol na rua (Madrid); Batalha de neve, em Lion; O comboio de carga do Douro (Lisboa); Um Barco de Pilotos em Passos d’Arco (Portugal)

1905:

Cinematógrafo de Antônio de Souza Machado, no Theatro Alencar:

Exibição de retratos de personalidades brasileiras, na ordem: Affonso Penna; Rodrigues Alves e Lauro Sodré; d. Pedro 2º; General Ozorio; Marechal Deodoro e Santos Dumont.

1907:

Cinematógrafo de Mathias Serra, no Theatro Alencar:

Prestidigitador Moderno; As Xyphopagas; Sogra Risonha; Desembarque do Principe; Cosinheiro Infernal; Pega Ladrão!; Scena Cinematographica; Noite de Noivado; Velho Derretido; Uma Desgraça Traz Outra; Photographo em Apuros; Fonte Ramos Pinto; Filhos do Diabo; Banho de Cavallos.

Cinemas:

1910:

Cinema-Leopoldina, no Theatro Alencar, propriedade de João das Chagas Monteiro:

Pobre Pequeno (850 m); Natal do Sr. Carapuça; O Chá (Colorida); Na Pandega; Chegada do Marechal Hermes; Cosinha Diplomatica; Oh! Que Barba!; Vida De Christo e Padre Nosso.

1913:

Cinema Leopoldina, no Theatro Alencar, propriedade de João Chagas:

O Filho Pródigo; O Trafico dos Marinheiros (Nordisck); Sobre os Degraos do Throno (4 partes); A Mancha (3 partes); Gaumont Journal; A Peste; Um Cão Agradecido; Max Linder Não Pode Casar; Max Linder em Convalescença; Wanda; Entre Ceu e Mar; Martyrios de Uma Orphã; Luiz XIX; Amor de Pedro de Medicis; O Cumplice;  A Lei do Amor; O Conde de Monte Christo (1.200m); Duas Vidas Para Um Só Coração (1.200m e 300 quadros); O Retrato Fatal; Uma Conspiração Contra Murat; Did Magistrado; O Pequeno Palhaço; Uma Nova Proeza de Rigadin; A Mulher Fatal; Os Miseraveis, de Victor Hugo; Os 3 Malabaristas (3 partes e 1.200 m); Sapho; Aga ou A Mulher Mysteriosa; A Fugitiva (Nordisk); Viuva Alegre; Quo-Vadis?; Uma Página de Amor (1.200m); Eclair Journal, 20; 2ª, O Naufragio do Titanic (3 partes); Amor Agitado; Corrida de Automoveis; Max Linder; Pintor por Amor; Gymnasio Leopoldinense; O Mysterio dos Penedos de Kador (1.500 m e 265 quadros); As Operações No Mar Egeo; Explorações Sob o Tecto Conjugal; Suzana e os Dois Velhos; O Ultimo Abencerrage; Pelos Ares; Gata Borralheira; Jeruzalem Libertada (3 partes e 1.500m); O Pequeno Jacques; No Cadore; Triste Aventura; Seu Amigo Doente; Grandy Está Á Morte; O Avô; Pescas Nas Costas de França; Aposta Original; Da Mangedoura Á Cruz ou a Vida do Nazareno (2.000m e 6 partes); Calafrio Fatal; Tormentos da Juventude; Leiteria Leopoldinense.

1915:

Cinema Leopoldina, no Theatro Alencar, empresa Pedro Barbosa:

A Filha do Diabo; Um Sonho Alegre; Petropolis em Carnaval; O esconderijo; Bigodinho se engana de noivo; Drama no Mar; Abaixo as Armas ou Os Horrores da Guerra; Tia e Sobrinha; Pela Forma; Um Drama no Mar.

Circo Cinema Pinheiro, propriedade de Aristides Pinheiro, em passagem por Leopoldina:

Entre Homens e Feras; Henry Rapache e Fatalidade do Destino.

Cinema Leopoldina, no Theatro Alencar, uma sociedade Barbosa & Spinola:

A Morte em Sevilha; A Victima de Mormon; Legados Para Surdos Mudos; Circulo Ambulante; A Serpente Venenosa; Combates de Gallos na India; Entre Irmãos; Zezinho; Tigris; Eclypse em 17 de Abril; Coragem Gasta; Corrida Contra Um Banco; As Festas; Bigodinho Procura Emprego; Mãe; Só no Mundo; S. A. a Princeza Helena; Felicidade Que Mata; Os Dous Aviadores; O Feito Generoso; As Grandes Attracções; A Dansa da Morte; Metz, Cidade da Alsacia Lorena; Tudo Pela Patria; Ultima Travessura de Did; Na Prisão Dourada; Amazona Mascarada; O Verdadeiro; Nas Vestes do Consul; Finn O Malsin; Impossivel Resgate; A Filha do Detective; A Victima; Dr. Satan, o Genio do Mal; O Desapparecido; Enock Arden.

1916:

Cinema Leopoldina, no Theatro Alencar, empresa Pedro Barbosa:

O Propheta Encoberto; O Homem Lá Dentro; (?) e a Mulher Ciumenta; Os Passaros das Charnecas; O Segredo do Assassinato de Henrique IV; Gloria Posthuma; Soldadinhos do Rei; Porta Aberta; Romance de uma Moça Infeliz; O Leão de Veneza; Illudida Na Propria Felicidade; Nas Garras do Pachá; A Dama do Castello Negro; O Thesouro de Abdar Rahman; A Voz dos Sinos; Mamãe Morreu; Mumia; Canção da Mignon; Os Grandes Templos da India; Bigodinho Provedor de Vinhos; O Beijo Supremo; Adeus ao Celibato; Odette; Zigomar; A Luxuria.

1918:

Cinema Alencar, no Theatro Alencar, empresa F. P. Carneiro:

O Hotel da Moda; O Phantasma Pardo; A Joia de Estimação; O Juiz (The Deemster); Revista Universal n. 30; A Força de Um Paralytico; Revista Universal n. 8; Dourando a Pilula; O Fantasma Pardo; A Filha do Mar; Revista Universal n. 31; Politica Oculta; Verdade Amarga; Universal Jornal n. 52; Sua Sogra; O Fantasma Pardo; Gaumont Jornal; Gaumont Actualidades; O Heroe; Incendio do Odeon de Paris; A Cidade Sonhada; A Grande Invenção; Uma Comedia Fina; Coração Dilacerado; Homem Forte; A Intriga; O Sapato de Baile; Vicio e Virtude; Justo Castigo; Universal Jornal n. 45; Quer Ganhar 2$000?; O Fantasma Pardo; Invasão dos Barbaros; Ciume de Irmãos; Exercitos Alpinos; O Sonho do Esculptor; Ao Estado Primitivo; Cruzes Canhoto; Gaumont Actuali dades 35; Gaumont Jornal 36; Manuela; Universal Jornal n. 86; Vendida em Leilão; Fie-te na Virgem e Não Corras; A Operação; Defrontando o Adversario; Maciste Alpino; Mã e Filho (Quem nos acarinha); A Orpha Mysteriosa; Orphã Rifada; Gaumont Jornal n. 37; Gaumont Jornal n. 38; Lilli Perssy; Em pró da Saude da Nação; Dominando; O Fugitivo; Gaumont Jornal n. 39; Gaumont Jornal n. 40; Sombra do Sonho; A Conquista da Felicidade; Gaumont Jornal n. 41; Gaumont Jornal n. 42; Poder da Inveja; Lagrimas e Sorrisos; Universal Jornal n. 59; A Herança de Tobias; Gaumont Jornal n. 43; Gaumont Jornal n. 44; Dança da Vida e Dança da Morte; Afobação de Theodoro; Ivonne; Na Chuva; O Movel do Crime; Derrocada; O Juiz e o Critico; Namorando; Quasi um Heróe; O Triumpho do Advogado; Gaumont Jornal n. 45; Gaumont Jornal n. 46; O Carnaval de 1918; Rival de Cupido; A Flor da Tempestade; Revista Universal n. 15; Supremo Direito; Estudantes Modernos; Saber Ser Bella; Padeiros e Padarias; Protéa; Esposa ou Irmã; Universal Jornal N. 6; Hotel da Moda; A Sorte Sombria; O Lobo Ferido; Mocidade… Amor e Honra; Universal Jornal N. 62; Doce Somneca; O Collar de Azeviche; O Az de Ouros; O Cavalleiro Audaz; O Az de Ouros; Depois da Queda Um Couce e A Heroina da Independecia.

1920:

Cinema Leopoldina, no Theatro Alencar:

Azas Queimadas; Preso e Amordaçado!; Revanche!; Coração de Wetona; Moderna Dectetive; Mutt e Jeff; Aventuras de um New Yorkino; Terreno Perigoso; Os Bons Aldeões; Amor Rebelde e Inferno de Dante.

1921:

Cinema Alencar, no Theatro Alencar:

Guarany; Amores Bellicos; Ladrão Por Gratidão; Uma Flôr Por Uma Canção; Joanninha; Pacto Infernal; A Peccadora Casta; O Médico e o Monstro; Casamento de Experiência; A Confissão; O Pacto Infernal; A Confissão; A Terra em Chammas; A Historia dos Treze; O Dançarino Maluco; Caçadores de Dotes; A Cidade das Mascaras; Não Há Tal Cousa; Cinzas do Passado; A Condessinha; Estravagancia; Como nos Contos de Fada; Esposa Parisiense; O 13º Mandamento; Ciume de Monstra Amor; As Apparencias do Erro; Victorino Fonseca; Escravo da Ambição; Mariazinha; A Rainha do Ar; Inspiração; Stella Maris; Vida Simples; A Dama das Camelias; Esposa Infatigavel; O Circo da Morte; Escada da Mentira; Ambição; Culpada Em Amar; A Força da Transmissão; O Terror das Serras; Diadema Penhorado; Sejamos Chics; No Sul da Florida; Ardendo em Odio; Alma Fene; Sangue Nobre; O Corajoso Automobilista; Sortilegio; Inicio da Linha; Os Olhos das Trevas; Sonhos de Solteiros; Quasi Um Escandalo; Novidades Internacionaes; Terror das Serras; Mutte e Jeff; Vicios e Viciosos; 13 Noivas; Menos que o Pó; Luta Eterna; Novidades Internacionaes; Jogador Jovial; Lucidez e Loucura; Pathé Jornal; Perseguido por 3; O Nome de Uma Dama; O Melhor Homem; A Filha de Lady Rosa; Casamento Louco; Meia Hora; Amor Livre; O Sexo Inquieto; Praça de Heróes; Phantasia Theatral; Murmuráção; Amor e Valentía; Casamento por Engano; Copas e Paus; Revista Universal; O Disco de Fogo; O Inevitavel; O Monte das Bruxas; Para Agradar Uma Mulher; As Moedas de Ouro; O Rei do Circo; Corações Romanticos; A Poder de Socco e Um Bom Partido.

GYMNASIO LEOPOLDINENSE: O Filme

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Na imagem, a professora Bemvinda Ribeiro e suas alunas da Escola Normal em aula de ginástica. Extraída do jornal Gazeta de Leopoldina, a. XIX, nº 117, p. 1, 06 de setembro de 1913. Pesquisa: Alan V. Barroso.

Abaixo, a transcrição de uma crítica que descreve as cenas contidas no filme Gymnasio Leopoldinense, gravado nas dependências do estabelecimento de ensino pelo cinematografista Paulino Botelho em 1913, na ocasião das festas realizadas em comemoração ao sétimo ano de sua fundação. O filme foi exibido entre os meses de junho e julho de 1913, no Cinema Leopoldina, Theatro Alencar.

Gymnasio Leopoldinense – Cinema Leopoldina

O “film” das festas commemorativas do setimo anniversario da fundação do Gymnasio Leopoldinense, o importante estabelecimento de ensino que reaes serviços vem prestando á nossa zona, tem mil metros, divididos em tres partes. A primeira parte contém os quadros seguintes:

I – Vista geral do estabelecimento, sua fachada principal, vendo-se os dous predios annexos, onde funccionam diversas aulas;

II – Retrato do Dr. Ribeiro Junqueira, director proprietario e fundador do “Gymnasio Leopoldinense”;

III e IV – Grupos dos professores e do pessoal administrativo do estabelecimento;

V – Uma aula de lingua, do Curso Normal;

VI – Uma aula de Geographia, do Curso gymnasial;

VII – Vista parcial de um dos dormitorios;

VIII – A sahida das alumnas do Curso Normal, após as aulas;

IX – Commemoração do 7º anniversario do Gymnasio Leopoldinense.

Recepção, por este estabelecimento dos representantes do “Gymnasio Granbery”, de Cataguazes, na gare da Leopoldina Railway.

SEGUNDA PARTE

X – Exercicios militares pelos alumnos do “Gymnasio Leopoldinense”;

XI – Gymnastica das alumnas do Curso Normal.

TERCEIRA PARTE

Continuação da parte commemorativa do 7º. anniversario do “Gymnasio Leopoldinense”, comprehendendo os jogos e “sports” em que tomaram parte alumnos e alumnas. Contem esta parte os seguintes quadros, tirados no recreio geral do estabelecimento:

XIII – Hymno Nacional, cantado pelas alumnas e executado pela banda do estabelecimento;

XIV – Corrida das batatas, 1ª. serie, para alumnos menores;

XV – Corrida das batats, 2ª. serie, para moças;

XVI – Corrida de distancia, 1000 metros, para alumnos maiores e medios;

XVII – Corrida em saccos, para alumnos medios;

XVIII – Corrido do ovo, 1ª serie, para moças;

XIX – Idem, 2ª serie, para alumnos menores;

XX – Salto em altura, para alumnos maiores e medios;

XXI – Saltos em distancia, para alumnos menores;

XXII – Corrida dupla, de pés amarrados, para alumnos maiores e medios;

XXIII – Corrida da agulha, para alumnos maiores e moças;

XXIV – Jogo do pão, para alumnos menores;

XXV – Corrida das botinas, para alumnos maiores e medios;

XXVI – Corrida das garrafas, para alumnos menores e medios e moças;

XXVII – Dous numeros extra, corridas de professores do estabelecimentos, apanhadas de surpreza.

A tiragem desse “film” representa um grande esforço do sr. José Botelho Reis, illustre director technico do Gymnasio Leopoldinense. E não o move exclusivamente, o interesse de fazer reclame do estabelecimento, pois, no dia das festas commemorativas do setimo anniversario da sua fundação, foi profusamente distribuido um album do Gymnasio com 60 paginas, contendo desenvolvida descripção do estabelecimento e 37 “clichés”, cujas vantagens como reclame, incontestavelmente, são muitas vezes superiores ao “film”, que está sendo exhibido nesta cidade pela Empreza Chagas.

A Direcção do Gymansio, não medindo sacrificios para tirar uma fita de mil metros, das festas ali realizadas, deu mais uma prova eloquente do seu amor e do carinho á causa santa da instrucção, proporcionando aos corpos docente e discente d’aquelle estabelecimento e a toda sociedade leopoldinense o grato ensejo de verem reproduzidas na tela do Cinema as solemnidades commemorativas de uma ephemeride que falla á nossa alma, pelo facto de relembrar um acontecimento notavel para a nossa cidade, qual o da fundação do Gymnasio Leopoldinense.

A’s palmas com que a numerosa assistencia da sessão de ante-hontem do Cinema Leopoldina applaudido o “film” das festas do Gymnasio juntamos as nossas, felicitando calorosamente o incansavel e operoso moço sr. José Botelho Reis, director technico desse estabelecimento de instrucção, pelo successo da sua feliz iniciativa.

A Empreza Chagas levará hoje e amanhã, novamente, o bello “film” do Gymnasio, estando já vendida quasi toda a lotação do Theatro para a sessão de hoje e grande parte para a de amanhã.

Fonte: Gazeta de Leopoldina, ano XIX, nº 65, 05 de julho de 1913, p. 2.

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Continue sua leitura:
Parte I – Historiografia das Artes Cênicas em Leopoldina no Século XIX – 1880 / 1900;

Parte II – Historiografia das Artes Cênicas em Leopoldina no Século XX – 1901 / 1921;

Parte III – Cronologia das Artes Cênicas em Leopoldina – 1880 / 1921;

Parte IV – Antologia de Crônicas e Críticas Teatrais Publicadas Pela Imprensa Leopoldinense;

Parte V – Dramaturgias Leopoldinenses;

Parte VI – A EFERVESCÊNCIA DO AUDIOVISUAL NO FINAL DO SÉCULO XIX; INÍCIO DO SÉCULO XX EM LEOPOLDINA.

NOTAS

[1] BASTOS, Sousa. Carteira do Artista: apontamentos para a história do Theatro Portuguez e Brazileiro. Lisboa: Antiga Casa Bertrand-José Bastos, 1898, p. 233.

[2] Gazeta de Leopoldina, ano V, nº 09, 11 de junho de 1899, p. 4.

[3] Jornal do Ceará (CE), ano III, nº 494, 30 de janeiro de 1907, p. 1.

[4] Ibid., p. 2.

[5] Ibid.

[6] Ibid., p. 4.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEZERRA, Katharyne. Como funcionam e qual a história dos fogos de artifício?. Estudo Prático, 2016. Disponível em: <https://www.estudopratico.com.br/descubra-historia-dos-fogos-de-artificio/>. Acesso em: 17/01/2019

JUNQUEIRA, Ribeiro. Gazeta de Leopoldina. Ano V, nº. 09, p. 2, 11/06/1899. Leopoldina, 1899.

__________________Gazeta de Leopoldina. Ano XIX, nº. 20, p. 1, 11/05/1913. Leopoldina, 1913.

__________________Gazeta de Leopoldina. Ano XIX, nº. 170, p. 1, 08/11/1913. Leopoldina, 1913.

MARTINS, Ricardo. O Novo Movimento. Orgam dos interesses do povo. Ano 3, nº. 15, 30/10/1910. Leopoldina, 1910.

____________________O Novo Movimento. Orgam dos interesses do povo. Ano 3, nº. 20, 04/12/1910. Leopoldina, 1910.

VIGILANTE, O. Lei que proíbe fogos de artifício com barulho entra em vigor em Leopoldina. Disponível em: <https://www.ovigilanteonline.com/noticia/detalhe/42530/lei-que-proibe-fogos-de-artificio-com-barulho-entra-em-vigor-em-leopoldina>. Acesso em: 17/01/2019.

Fontes:

[ATUALIZADO EM 29/05/2020]

1901 – Quando o Circo Phenomenal chegou na cidade.

Circo Phenomenal.
Hoje – Hoje
Duas Funcções!!

Grande matinée a 1 hora da tarde, devendo terminar as 3 horas em ponto. As 9 horas da noite um variadíssimo espectaculo, FESTA ARTISTICA, despedida da companhia.

AO CIRCO! – AO CIRCO!
O representante – Ataliba Ramos.

gazeta. 02-06-1901. n.7. a.7p.4. anúncio circo phenomenal (2)
Fonte: Biblioteca Municipal de Leopoldina, 2018. Pesquisa: Alan Barroso

Em maio de 1901, o Circo Phenomenal chegou em Leopoldina, oferecendo uma série de apresentações e números circenses. Sob direção dos srs. Mendes & Colman, estreou no dia 11 de maio de 1901, no Largo Visconde do Rio Branco.

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O Circo Phenomenal permaneceu em Leopoldina até início do mês de junho, quando participou dos festejos populares que ocorriam anualmente, dedicado ao Mês de Maria, realizados nos dias 01 e 02 de junho de 1901.

Abaixo, assista ao registro imagético das matérias publicadas na Gazeta de Leopoldina, em 1901 (ano 7), que noticiaram as apresentações oferecidas pelo Circo Phenomenal, durante a curta estadia na cidade:

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Fontes de informação:

Gazeta de Leopoldina, n° 04, ano 7, 12 de maio de 1901, pág. 2​. Gazeta de Leopoldina, n° 05, ano 7, 19 de maio de 1901, pág. 1. Gazeta de Leopoldina, n° 07, ano 7, 02 de junho de 1901, pág. 2. Gazeta de Leopoldina, n° 08, ano 7, 09 de junho de 1901, pág. 1.

Fonte de Acesso: Biblioteca Municipal de Leopoldina, localizada no Centro Cultural Mauro de Almeida Pereira, em 2018.

Videoblog de Pesquisa #1 / Dezembro de 2018: O Arquivo-076.

Leopoldina, 17 de dezembro de 2018,

Na última semana fui ao Centro Cultural Mauro de Almeida Pereira, onde também funciona a Biblioteca Municipal de Leopoldina. Tive acesso ao Arquivo-076, contendo as edições do jornal Gazeta de Leopoldina, anos 6 e 7, publicadas no decorrer do ano de 1901, a entrada para o século XX.

ARQ.-076.
Imagens: Alan Barroso. Fonte: Biblioteca Municipal de Leopoldina, 2018.

GAZETA DE LEOPOLDINA, ARQUIVO-076, ANO 1901:

 

O ano de 1901/Século XX

– PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DO ARQUIVO 076: JORNAL GAZETA DE LEOPOLDINA, ANO DE 1901 –

REDATORES RESPONSÁVEIS PELA GAZETA DE LEOPOLDINA: DR. RIBEIRO JUNQUEIRA E DR. AUGUSTO TEIXEIRA.

ARQ.-076.
Imagens: Alan Barroso. Fonte: Biblioteca Municipal de Leopoldina, 2018.

FONTE DE ACESSO: BIBLIOTECA MUNICIPAL DE LEOPOLDINA / CENTRO CULTURAL MAURO DE ALMEIDA PEREIRA. CONSULTA REALIZADA EM DEZEMBRO DE 2018. PESQUISA, REGISTRO E DOCUMENTAÇÃO: ALAN V. BARROSO.

Para acessar todas as matérias encontradas no ano de 1901 na Gazeta de Leopoldina, clique AQUI,  (menu lateral, “Ano de 1901“).

Escute abaixo as  audionarrações das matérias encontradas no ARQ.-076, contendo menções e referências aos movimentos teatrais e circenses realizados em Leopoldina e região durante o decorrer do ano de 1901 do século XX:

Assista aos vídeo-registros de algumas matérias selecionadas publicadas no ano de 1901:

 

O Leopoldinense, nº 51, a.1, 07/11/1880: Pequena Nota Para Um Grande Teatro

Considerado o primeiro periódico impresso em Leopoldina, o jornal O Leopoldinense, Consagrado aos interesses dos municipios de Leopoldina e Cataguazes. Propriedade de uma sociedade anonima. Edictor gerente: Alferes Francisco Costa Sobrinho, começou a ser publicado a partir de 1879.

O acervo digital do Arquivo Público Mineiro dispõe de um exemplar publicado em 1880, o mais antigo até o momento que conseguimos acesso. Em nota publicada na primeira página, encontramos indícios do surgimento de um importante Teatro para Leopoldina, à ser, posteriormente, chamado Theatro Alencar.

A pequena nota demonstra o interesse dos cidadãos leopoldinenses em construírem um teatro na cidade, a partir da organização de uma comissão que viabilizasse a empreitada, com a ideia inicial de construí-lo na Rua Sete de Setembro, onde também estava localizada a tipografia do jornal O Leopoldinense, conforme observamos na transcrição abaixo:

Novo theatro – Consta-nos que alguns cidadãos pretendem levantar um theatro entre o restaurant Araujo e a nossa typographia. E’ louvavel o empenho desses senhores, e, desejamos se que realise a projectada obra, para realce da arte e beneficio do povo. (O LEOPOLDINENSE, 1880, nº 51, ano 1, p. 3).

Como sabemos, o prédio que abrigou o Cine Theatro Alencar, (segunda fase histórica do Theatro Alencar) encontra-se erguido na Rua Barão de Cotegipe, antiga Rua Municipal, exatamente no mesmo local onde foi edificado originalmente o Theatro Alencar. Desta forma, o teatro previsto para ser construído na Rua Sete de Setembro, segundo a nota de 07 de novembro de 1880, estaria se referindo, de fato, ao Alencar? Veremos melhor mais adiante.

Ainda na edição de nº 51, ano 1 do O Leopoldinense, consta um anúncio do espetáculo Helena, que seria encenado pela primeira vez em Leopoldina no Theatro Brandão em 07/11/1880. O drama em cinco atos seria apresentado como benefício ao diretor da Companhia Brandão, o Sr. João Manoel Ferreira Brandão.

O Theatro Brandão era localizado na Rua Sete de Setembro, nº 8 (encontramos menções ao Brandão nas páginas do O Leopoldinense até meados de 1881, não havendo mais menções ao mesmo após a inauguração do Theatro Alencar.).

Notas de 1880
Fonte: Arquivo Público Mineiro

Acesse o jornal COMPLETO: O LEOPOLDINENSE – Ed. 51 – 7 de novembro de 1880