Os Primórdios do Teatro no Brasil: da Colonização Portuguesa ao Teatro Jesuítico do século XVI

Alan Villela Barroso*

 

Durante a expansão marítima, ocorrida no século XVI, impulsionada pelos portugueses e europeus, visando a conquista de novos impérios, tesouros e riquezas, o Brasil foi, de repente, “descoberto”. Quando as capitanias portuguesas de Pedro Álvares Cabral desembarcaram em terras brasileiras, diferentemente do que esperavam, não acharam o ouro e os minerais preciosos que buscavam encontrar. Mas, diante do clima tropical, da natureza vasta, selvagem e abundante, com tanta variedade de fauna e flora, somada à existência dos povos indígenas, aos olhos dos portugueses, “selvagens”, “obscenos” e, sobretudo, “mão de obra”, o Brasil tornou-se um ambiente favorável para o enriquecimento, através do desenvolvimento de uma economia própria às suas condições climáticas, neste caso, o cultivo da cana de açúcar e sua exportação para a Europa, onde o produto – especiaria -, era vastamente consumido, considerado como o verdadeiro “ouro branco”, tamanho seu valor e apreciação. 

Com a ocupação das terras, os povos indígenas, nativos brasileiros, sofreram um processo de ruptura com suas próprias culturas e identidades, substituídas pelos costumes, a língua e o pensamento europeu. Com um plano estratégico, idealizado pela Igreja e pelos colonizadores em extinguir totalmente a cultura indígena, o Tupi, a língua dos nativos, foi substituída pelo português (ou castelhano), ao mesmo compasso em que as roupas e o “pecado”, cobriam a liberdade de seus corpos, rituais e pensamentos, até aquele momento, livres de preconceitos ou pudores. 

A partir do cruzamento dessas culturas – a do europeu e a do indígena brasileiro – germinou uma espécie de brasilidade portuguesa, uma miscigenação de culturas e raças, que transformou-se na cara e na colônia do Brasil. Historicamente, nossa brasilidade advém, portanto, da mistura de três raças distintas: a do índio (o nativo que se tornou cativo), do branco (o europeu colonizador) e, ainda, o negro, surgindo em nossa história de maneira arbitrária, sob a condição de escravo, retirado à força pelos colonizadores do berço de sua mãe, África. Assim, inicia-se a história do teatro no Brasil, com a colonização portuguesa, somada aos interesses da Igreja Católica. Curiosamente, esta também é a história de como o pecado chegou por aqui, vindo da Europa de barco, com a Companhia de Jesus e os Jesuítas.

Assim, compreende-se que o processo de colonização ia muito além de questões territoriais, sendo urgente estabelecer, também, um processo de “colonização dos costumes”, excluindo e ignorando qualquer manifestação cultural indígena, ao contrário, espalhando e impondo os conceitos de moral e costumes portugueses, fundamentados no pensamento e na fé cristã da Europa do século XVI. 

A ideia de pecado, desconhecida entre os índios, exercia um papel específico em amedrontar o pensamento, eliminando os costumes e convertendo aqueles considerados “pecadores”, ou seja, quem não enquadrava-se  à moral cristã. Neste caso, pecadores seriam todos os índios nativos, existentes em terras brasileiras que, conhecendo e praticando sua própria cultura, tornaram-se uma mazela social aos interesses da Igreja e dos portugueses, uma situação que deveria ser rapidamente convertida, para que se alcançasse a “salvação”, somente pela expurgação dos pecados e conversão ao cristianismo, garantindo o progresso da colônia portuguesa em terras brasileiras. 

Neste sentido, a Igreja desempenhou um papel específico durante a colonização do Brasil: a doutrinação e a catequização dos índios, na imposição de uma nova forma de pensar e se comportar, dentro dos parâmetros e pretensões de uma sociedade que buscava-se formar, e foi através do teatro que a Igreja encontrou os moldes necessários para se aproximar e se comunicar com os índios.  O teatro que emerge neste momento, possui um caráter estritamente religioso, voltado para o ensinamento da fé cristã e a conversão doutrinária. Por essas características, os “Autos” são consideradas as peças teatrais oriundas deste período. De acordo com o Dicionário do Teatro Brasileiro: 

 

[…] No Brasil, há notícias de representações de autos profanos em um período anterior a 1561, data em que Manuel de Nóbrega, provincial da Companhia de Jesus, encomendou ao noviço José de Anchieta a composição de um auto comemorativo adequado aos propósitos de conversão religiosa dos missionários jesuítas. A primeira dessas peças de instrução e devoção, da qual restam somente fragmentos sem título, recebeu, para fins editoriais, a denominação de Auto da Pregação Universal. Foi encenada na aldeia de Piratininga, entre 1561 e 1562, e adaptada para festividades cívicas e religiosas em outros aldeamentos (GUINSBURG; FARIA; LIMA, 2009, p. 48).

 

É na figura do Padre José de Anchieta (1534-1597), espanhol missionário da Companhia de Jesus, o principal responsável em catequizar os pensamentos europeus entre os povos indígenas, baseados na doutrina cristã, disseminando as ideias de pecado, pecador e, consequentemente, do castigo divino. De acordo com Décio de Almeida Prado, em seus Autos:

 

Anchieta […] apresenta-se impregnado pela vertente pessimista do cristianismo – a do pecado original, do homem enquanto lodo – , embora sem omitir, nem poderia fazê-lo, a redenção tornada possível pelo sacrifício de Jesus (PRADO, 2012, p. 25).

 

Partindo da compreensão de existência da pecaminosidade humana, o pecado foi um artifício psicológico utilizado pela Igreja entre os índios, para causar-lhes medo do inevitável castigo divino, sempre à espreita. Pretendia-se que o receio da consequente punição desempenhasse mudanças em suas condutas e costumes, considerados anti cristãos e imorais, portanto, impróprios para o progresso da civilização. Assim, a escravidão indígena, em épocas de colonização brasileira, justifica-se, pela Igreja cristã, como a forma mais adequada de livramento dos pecados, através do sofrimento, da redenção e pelo empenhado trabalho de servidão à Deus.

Assim, surgem os primeiros registros do teatro no Brasil, denominado “Teatro Jesuítico”, liderado por José de Anchieta. Em seus Autos ou Sermões Dramáticos, observa-se a existência de uma estrutura narrativa clara, cujos objetivos remontam os Autos desenvolvidos desde o século XIII na Península Ibérica: condenar os pecados e castigar os infiéis. Ainda de acordo com Décio de Almeida Prado, “a condenação impiedosa do pecador, a presença do castigo eterno pairando sobre a cabeça de todos, e não apenas dos infiéis, talvez fosse uma das regras do gênero, se não a sua regra básica” (PRADO, 2012, p. 25). 

O caráter religioso, de cunho moral e com a presença constante do sagrado e do profano, do divino e demoníaco, alinhando as ideias de medo, pecado, castigo, conversão e salvação, são as características principais do Teatro Jesuítico, sendo:

 

Concebido como parte de uma festa maior, que nem por ser religiosa deixa de ter lados francamente profanos e divertidos; o constante deslocamento no espaço (observável também nas festividades indígenas), […] as figuras simbólicas, quando não sacras (a Sé, a Cidade, o Anjo); o cenário quase sempre natural; os papéis interpretados por alunos de vários níveis, sem exclusão dos indígenas; o diabo visto como fonte de comicidade, à maneira indígena […]; a comunicação de natureza sensorial, proporcionada pela música e pela dança, com os instrumentos indígenas de sopro e percussão sendo equiparados aos correspondentes europeus (frauta, tambor) (PRADO, 2012, p. 24).

 

A colonização do Brasil foi um verdadeiro processo de negação e desfiguração de uma cultura advinda das raízes brasileiras, ao transformar o índio nativo em sujeito cativo, escravo de sua própria riqueza. Assim, a catequização cristã utilizava-se do teatro como ferramenta de aproximação, comunicação e ação sobre o índio que, conforme aponta Décio, partia de dois princípios básicos: “substituir uma religião (ou mitologia) por outra e um código moral por outro.” (PRADO, 2012, p. 28). Sob esta ótica, eram negadas, excluídas e deturpadas as tradições e culturas indígenas, substituídas pelos costumes europeus, respeitando os fundamentos da moral cristã.

Neste cenário, observa-se nos Autos atribuídos ao padre José de Anchieta a existência de algumas distinções em relação aos Autos Ibéricos, por exemplo, a adoção do Tupi, língua nativa dos índios. De acordo com o Dicionário do Teatro Brasileiro, o primeiro Auto a ser concebido foi escrito “em três línguas (tupi, português e espanhol), e incorporando a estrutura da narrativa os cerimoniais indígenas (GUINSBURG; FARIA; LIMA, 2009, p. 48).

Estas primeiras encenações teatrais no Brasil surgiram sem muitas preocupações estéticas ou artísticas, com o objetivo principal em catequizar e converter o índio pois, para os jesuítas, “importava o “recado” […] religioso, não a estruturação e o acabamento artístico” (PRADO, 2012, p.28), no intuito de comunicar a mensagem, que era sempre a mesma: “não sejam índios, sejam europeus – pregava a Igreja. E acrescentava: se com isso perderem o reino da terra – da sua terra – , ganharão o reino do Céu”. (Ibid.). 

Após o falecimento de Anchieta e ao longo dos séculos XVII e XVIII, a Companhia de Jesus deixou de existir, assim como o próprio Teatro Jesuítico no Brasil como apontado por João Roberto Faria: “não tendo havido outro santo, outro candidato à beatificação, desapareceram com o tempo os textos dramáticos porventura escritos por membros da Companhia, antes e depois da morte de Anchieta” (FARIA, 2012, p. 37). 

Mesmo extinguido, o Teatro Jesuíta no Brasil deixou suas contribuições para a concepção de estruturas de encenações e narrativas cênicas que reverberaram nos séculos subsequentes, sendo facilmente identificados alguns de seus elementos em festejos e rituais religiosos da Igreja Cristã, desempenhados nos pequenos arraiais e cidades do interior de Minas Gerais. Como observado por Affonso Ávila: “toda festa mineira da época é sempre um espetáculo total e o teatro tem aí um papel de destaque, com ele se encerrando habitualmente as programações iniciadas com as missas solenes, os Te-Deums” (ÁVILA, 1978, p. 2). Um exemplo claro foi o Festival à Santa Cecília, uma festa religiosa tradicional, comemorada em Leopoldina, em 23 de novembro de 1888, segundo observado no jornal Irradiação, circulado em 14 de novembro de 1888 no município:

 

Terá o festival uma parte religioza e outra profana; aquela, compor-se-ha de missa cantada pela manhã e procissão a tarde; a noite, no Theatro Alencar, realizar-se-ha a parte profana com um grande concerto, funccionando todos os artistas e amadores, que tomam parte na festa religioza (IRRADIAÇÂO, a. I, n. 39, 1888, p.2).

 

Percebe-se na transcrição acima alguns elementos semelhantes ao do Teatro Jesuítico, desenvolvido por Anchieta no século XVI, como a divisão dos Autos entre a parte sagrada e a profana, a influência da música e dos instrumentos musicais, a participação de atores e de amadores nas atuações das personagens, o deslocamento do público pelos espaços da cidade – a Igreja, a rua e o teatro -, evidenciando a passagem do tempo na encenação teatral, pela transição natural do dia e da noite. Logo, “teatro e religião, unidos como no já remoto elo dos primórdios da colonização do país, confundem-se portanto no amanhecer cultural das Minas, a partir de então, atuando, cada qual a seu modo, no desenvolvimento espiritual do homem montanhês” (ÁVILA, 1978, p. 2).

irradiação2
IRRADIAÇÃO, Orgão Republicano, 1888, a. i, n. 39, p. 1. Leopoldina – MG, 1888.
irradiação
IRRADIAÇÃO, Orgão Republicano, 1888, a. i, n. 39, p. 2. Leopoldina – MG, 1888.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÁVILA, Affonso. O Teatro em Minas Gerais: Séculos XVIII e XIX. Prefeitura Municipal de Ouro Preto. Ouro Preto, MG – 1978.

FARIA, João Roberto (Org.) História do Teatro Brasileiro – Das origens ao teatro profissional da primeira metade do século XX. São Paulo: Perspectiva: Edições SESCSP, 2012.

GUINSBURG, J.; FARIA, João Roberto; LIMA, Mariangela Alves de. Dicionário do Teatro Brasileiro – Temas, Formas e Conceitos. São Paulo: Perspectiva: Edições SESCSP, 2009.

IRRADIAÇÃO, Orgão Republicano, 1888, a. i, n. 39, p. 2. Leopoldina – MG, 1888.

PRADO, Décio de Almeida. O Teatro Jesuítico, p. 21-38. Capítulo em FARIA, João Roberto (Org.) História do Teatro Brasileiro – Das origens ao teatro profissional da primeira metade do século XX. São Paulo: Perspectiva: Edições SESCSP, 2012.

*Sobre o autor: Alan V. Barroso é professor na Secretaria de Educação de Minas Gerais, em Leopoldina. Discente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – PPGAC, da Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP. Licenciado em Artes Cênicas (UFOP) e especializado em Cultura em Literatura (FESL).

Do Culto Sagrado ao Coro do Carnaval: A origem das representações teatrais no ocidente, suas influências na festa da carne e a representatividade em Leopoldina, MG

Alan Villela Barroso[1]

 

A origem do carnaval advém, historicamente, do surgimento do Teatro, na Grécia Antiga, das antigas tradições populares de adoração aos deuses da mitologia, como Dioniso, deus do vinho e da fertilidade, responsável pela fartura e prosperidade dos povos gregos. Cultuado em rituais religiosos onde a manifestação divina se expressava através de cantos e danças, sagradas e profanas, Dioniso era a personificação dos prazeres e sacrifícios carnais, pelo entrelaçamento dos corpos em festa, nas fartas rodas de orgias e alegrias. Segundo Margot Berthold, em História Mundial do Teatro:

Dioniso, a encarnação da embriaguez e do arrebatamento, é o espírito selvagem do contraste, a contradição extática da bem-aventurança e do horror. Ele é a fonte da sensualidade e da crueldade, da vida procriadora e da destruição letal (BERTOLD, 2014, p. 104).

Baco, na mitologia romana; Exu, sob uma perspectiva moderna na mitologia yorubá; ou Dioniso, na mitologia grega. Todos criadores e criaturas manifestas em instintos criativos, nos pulsos de vida que procriam a criação. Cultuado nos grandes festejos religiosos, em rituais mitológicos e nos ritos da carne e do corpo, Dioniso foi um deus amplamente cultuado por toda Antiguidade Ática. Para Bertold:

 

Os festivais rurais da prensagem do vinho, em dezembro, e as festas das flores de Atenas, em fevereiro e março, eram dedicados a ele. As orgias desenfreadas dos vinhateiros áticos honravam-no, assim como as vozes alternadas dos ditirambos e das canções báquicas atenienses (BERTOLD, 2014, p. 103).

 

Dos rituais e cultos dionisíacos, desenvolveram-se personificações cênicas, compostas de figuras e ações, como a dança ritmada, os coros musicais que compunham a orquestra, além da caracterização com adereços e máscaras grotescas. De acordo com Patrice Pavis (2008), a expressão coro originou-se:

Do grego khoros e do latim chorus, grupo de dançarinos e cantores, festa religiosa. […] Desde o teatro grego, coro designa um grupo homogêneo de dançarinos, cantores e narradores, que toma a palavra coletivamente para comentar a ação, à qual são diversamente integrados (PAVIS, 2008, p. 73).

Pelo caráter ritualístico e artístico presentes nas manifestações religiosas, somada ao canto, a dança e a representação, no berço de Atenas, conceberam-se a Tragédia e a Comédia, os dois gêneros teatrais clássicos da Grécia Antiga e, assim, Dioniso, tornou-se o deus do Teatro.

O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA E DA COMÉDIA NA GRÉCIA ANTIGA

A palavra tragédia, de acordo com o Dicionário de Teatro, originou-se da expressão grega tragoedia, “canto do bode – sacrifício aos deuses pelos gregos” (PAVIS, 2008, p. 415). Uma prática religiosa responsável pelo amadurecimento da tragédia na Grécia Antiga foram os rituais de fertilidade realizados por sátiros dançantes e seus coros de cantores, vestidos com máscaras de bode que, “originalmente cantavam em homenagem ao herói Adrasto […] Por razões políticas, Clístenes, tirano de Sícion desde 596 a.C., transferiu tais coros de bodes para o culto a Dioniso, o deus favorito do povo da Ática”. (BERTOLD, 2014, p. 104).

Arion de Lesbos, em 600 a.C., aprimorou os elementos artísticos e performáticos nos ritos de culto aos deuses e a vegetação, concebendo uma visão poética dos rituais, organizando os coros de cantores com máscaras de bode em sincronia com os ditirambos, que acompanhavam, em canto e ritmo, o cortejo poético. “Assim, ele encontrou uma forma de arte que, originada na poesia, incorporou o canto e a dança, e que duas gerações mais tarde levou, em Atenas, à tragédia e ao teatro” (BERTOLD, 2014, p. 104).

Como observado, o uso da máscara no teatro ocidental relaciona-se, historicamente, aos rituais e as práticas religiosas da Grécia Antiga, sendo comumente utilizadas nas festas tradicionais e nos cortejos destinados aos deuses gregos, como as celebrações a Dioniso. De acordo com o Dicionário do Teatro Brasileiro:

Relacionada à tradição religiosa e à mitologia, a máscara está presente na origem do teatro grego. É largamente utilizada em festejos populares […]. Tanto as cerimônias rituais quanto as práticas teatrais trazem em si o espírito da metamorfose, o transcender o ser, em que o velamento ou o desvendamento possibilitam uma consciência mais aguda desse ser (GUINSBURG; FARIA; LIMA, 2009, p. 195-196).

Logo, tanto nas tragédias, como nas comédias, o uso da máscara tornou-se característica na teatralidade Ática e ocidental, permitindo ao ator a experiência do desdobramento poético. Do komos, expressão grega utilizada para designar as orgias realizadas por cavalheiros que “se despojavam de toda a sua dignidade por alguns dias, em nome de Dioniso, e saciavam toda a sua sede de bebida, dança e amor” (BERTOLD, 2014, p. 120), surgiu a comédia, ou komedia, a “canção ritual por ocasião do cortejo em homenagem a Dioniso” (PAVIS, 2008, p. 52).

PELO AMOR DA DEUSA: #RepresentatividadeDivina

Figura representativamente cômica presente na mitologia grega, em peças e ritos dos povos da Ática. A divindade dos poetas: Deusa Momo, considerada a personificação da ironia, do deboche e do sarcasmo. Filha de Nix, a Noite, Momo possui como elementos característicos o seu chapéu de guizos, uma máscara em uma das mãos e um boneco na outra, este último, representando a loucura. Destaca-se pelo seu caráter despojado de formalidades e pela lábia sincera, por vezes, raivosa, que a fez ser expulsa, por Zeus, do Monte Olimpo.

De acordo com a matéria Qual a Origem do Rei Momo?, publicada na revista Super Interessante, as primeiras representações de Momo ocorreram na Grécia Antiga e os registros históricos “dão conta que os primeiros reis Momos de que se tem notícia desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 ou 4 a.C.” (QUAL A, 2011, s/p), consideradas figuras marcantes durante os cortejos dedicados à Dioniso. Interessante destacar que, em Portugal, o Momo foi um gênero teatral datado de um período que antecede o teatro vicentino. Segundo REBELLO apud GUINSBURG et al. (2009, p. 204), “a palavra momo usa-se para designar, indiferentemente, tanto a própria representação, o próprio espetáculo em si, como as personagens mascaradas que nesse espetáculo participavam e os trajes e máscaras nela envergados”.

Historicamente, Momo se transformou na figura representativa do poder, da fartura e liberdade, diferenciando-se por seu jeito brincalhão e seus abundantes festejos. No Brasil, nas primeiras décadas do século XX, surgiu “a tradição de eleger um Rei Momo durante o Carnaval […] no Rio de Janeiro, em 1933. Naquele ano, a coroa foi entregue ao jornalista Morais Cardoso, que ocupou o trono até morrer, em 1948 (QUAL A, 2011, s/p).

TEATRO E CARNAVAL EM LEOPOLDINA – Um Tópico Sobre: Arte e Vitalino Duarte.

Festejo advindo dos rituais dionisíacos, o carnaval mantém sua tradição em ser uma festa popular, voltada para as massas, pautada na liberdade e na diversidade de expressões, de danças, músicas, poesias e alegorias, sendo o público, o ator-folião, convidado a participar desta festa coletiva e simultânea, com adereços, máscaras ou fantasias, onde o mesmo observa, representa e experimenta personagens e papéis sociais, descobrindo-se em novas maneiras de fruir, sentir e explorar os prazeres do corpo, da mente e da carne.

No Brasil, a história do carnaval inicia com a chegada dos portugueses, a partir da ocupação das terras indígenas, processo denominado colonização portuguesa, que também resultou na escravidão de povos africanos. De acordo com a matéria publicada pelo portal Brasil Escola, no Brasil:

Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que na colônia era praticada pelos escravos. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais também foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil (PINTO, 2019, s/p).

Grande e popular, o carnaval tornou-se a festa mais celebrada do Brasil, sendo tradição nas principais cidades de interior. Leopoldina, município localizado na região da Zona da Mata de Minas Gerais, destaca-se pela tradição do carnaval em sua cultura e no imaginário coletivo de seus habitantes. Entre os muitos protagonistas responsáveis por essa tradição, destaca-se o nome de Vitalino Duarte (1932-2003), ou Mestre Vitalino, um artista que dedicou-se a fomentar a arte e a cultura popular em Leopoldina e região. Pessoa e personagem, Vitalino transitou entre o teatro, o circo e a performance, como bem demonstra a reportagem biográfica Vitalino da Arte, Vitalino Duarte, do escritor e jornalista Luciano Baía Meneghite:

Nascido na Fazenda Copacabana em 15 de agosto de 1932, filho de Vitalino Izá Duarte e Maria Amélia Duarte, que só estudou até a segunda série primária, se não tinha certos dotes artísticos, tinha espírito livre de artista. […] Vindo para a cidade fez bicos diversos para sobreviver, sem nunca se afastar das festas folclóricas e religiosas. E assim nasceu o palhaço ou Papai Noel sempre com um megafone em punho a anunciar pelas ruas da cidade suas festas ou promoções do comércio. No carnaval se tornou mestre marcando presença por cinco décadas seja com sua boneca baiana ou com a simples, mas marcante “Escola de Samba Acadêmicos de Leopoldina”. No rádio era presença constante, seja cantando, apresentando ou apenas como convidado. Se não falava, lia ou interpretava bem, tinha carisma e teimosia suficientes e isso o fez peça fundamental na preservação e propagação das tradições culturais de Leopoldina e região (MENEGHITE, 2014, s/p).

Vitalino Duarte morou por muitos anos na Rua do Sindicato, em um quarto entupido de figurinos, cenografias e fantasias, localizado a cerca de cem metros de distância de onde nasceu o autor que escreve estas linhas. Tive, portanto, a oportunidade de conhecê-lo e de ser atingido, enquanto espectador e artista, por seu amor e dedicação pelas artes, entre os inúmeros festejos e cortejos pelo bairro da Fábrica, carregados de ritmos, cores e sonoridades.

Falecido em 2003, deu nome à Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Leopoldina, aprovada em 2017, suprindo uma lacuna no município e homenageando o legado deste inesquecível artista. A Lei Vitalino Duarte visa firmar parcerias, fortalecendo e desenvolvendo uma economia criativa na cidade, por meio de incentivos fiscais a projetos culturais, democratizando o acesso aos diferentes produtos artísticos e saberes populares. Ao valorizar a cadeia de artistas locais, a Lei objetiva movimentar os setores turístico, gastronômico e hoteleiro, através da geração de renda e capital, aumentando a expectativa no índice de empregabilidade temporária e permanente na região, estimulando a participação ativa da comunidade na concepção de novas formas de compreender, consumir e produzir arte no município.

COMMÉDIAS, CONFETTIS E PHANTASIAS: Quando o Theatro Alencar abriu as portas da alegria #CulturaPopularLeopoldinense

Entre o final do século XIX e o início do século XX, o município de Leopoldina, é historicamente marcado pela criação de suas instituições e pela formação cultural, literária, política e intelectual de sua sociedade. Neste período, destacam-se o surgimento da imprensa no município em 1879, através da criação do jornal O Leopoldinense, bem como a inauguração do Theatro Alencar em 1883, importante casa de espetáculos, cujo prédio, reformado no ano de 1927 em estilo neoclássico, encontra-se conservado na Rua Barão de Cotegipe, hoje, abrigando uma igreja.

Palco das principais representações dramáticas e convenções sociais, o Theatro Alencar, por inúmeras ocasiões, recepcionou o carnaval leopoldinense, oferecendo aos freqüentadores os famosos bailes a phantasia e as divertidas comédias encenadas especialmente para os dias de festa. A companhia dramática dirigida pela atriz e empresária Amelia Escudero chegou a Leopoldina no mês de janeiro, apresentando-se até 22 de abril de 1883, após uma temporada na cidade de Cataguases. Foi a Cia. responsável em inaugurar o Theatro Alencar no dia 19 de janeiro de 1883. Na ocasião, cerca de cento e quarenta espectadores ocuparam as arquibancadas do Alencar, satisfazendo “a mais vital aspiração do publico leopoldinense[2]”, a criação de um teatro público no município. Não foram mencionados os espetáculos representados durante a estreia.

No carnaval leopoldinense de 1883, a Companhia Escudero ofereceu três noites de espetáculos no Theatro Alencar, respectivamente em 04, 05 e 06 de fevereiro. No primeiro dia, foi encenada a ópera-cômica em 3 atos O Fantasma Branco, do dramaturgo brasileiro Joaquim Manuel de Macedo[3] (1820-1882), “porém o mau tempo não deu logar a que o espectaculo fosse concorrido como se esperava[4]”. Já em 05 de fevereiro, foi representado o drama em 1 ato Furto Abençoado, escrita especificamente para os irmãos François e Antonina Escudero, seguida da reapresentação de O Fantasma Branco. De acordo com a imprensa local, o desempenho da Cia. Escudero foi executado com perfeição, sendo o elenco ovacionado por aplausos, “ao ponto de se interromperem por mais de uma vez. Um espectador prestava tanta attenção á comedia que quando Galatéa mandou Maria pôr a língua de fóra, elle foi o primeiro a estender uma de palmo[5]”. Ressalta, ainda, a ausência da orquestra durante as representações, exceto pelo piano que “de vez em quando fazia-se ouvir acompanhando a alguem que com voz argentina prendia a attenção dos espectadores[6]”.

Não foram mencionados os espetáculos do dia 06, apesar da noite ser descrita como extraordinária. O articulista do jornal O Leopoldinense aponta a preferência do público pelo gênero cômico, já que “a maior parte dos leopoldinenses gosta de comedias, porque estas fazem rir e divertem[7]”. Evidencia a participação de artistas locais junto à Cia. Escudero, através de um grupo de amadores que “formaram em um momento excellente banda musical que executou walsas, mazurckas e habaneiras lindíssimas[8]”. Durante o intervalo do espetáculo, analisa a convenção social formada no interior do teatro, descrevendo as interações entre os espectadores:

Quando os músicos descançavam, as damas mais bellas da nossa sociedade, agitando seus leques de madreperola, quebravam o silencio com animadíssima conversação cheia de verve. Um dos bancos da frente foi occupado por um grupo carnavalesco, que não cessou de fazer rir toda a platéa. O perfume suave, que exhalavam as flores que bordavam as cabecinhas amorozas, fazia pulsar de contentamento todos os corações (O LEOPOLDINENSE, a. IV, nº. 07, 1883, p. 4).

Durante o benefício da atriz Amelia Escudero, ocorrido em 17 de fevereiro, houve completa lotação do teatro, sendo representado o drama A Virgem do Mosteiro, tradução de Souza Azevedo, “houve completa enchente: os bancos, as cadeiras e as galerias estavam tomados de dilettantes. Difficilmente encontrava-se um pequeno espaço para de pé, como se se estivesse metido em um espartilho assistir um ou outro acto[9]”. Finalizou o programa com um bailado espanhol, “no qual o Sr. Pascoal (ou alguem por elle) e seus companheiros, por mais de uma vez tiveram de vir ao proscenio receber palmas e ovações[10]”. No dia 18 de fevereiro, “houve um espectaculo variado, que muito agradou[11]” e em 25 de fevereiro, foi representado pela primeira vez em Leopoldina o melodrama em 5 atos A Graça de Deus[12], do dramaturgo francês Adolphe D’Ennery (1811-1899), com participação de todo o elenco da Cia. dramática.

 

NOTAS

[1] Discente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

[2] O Leopoldinense, ano IV, nº 04, 21 de janeiro de 1883, p. 2.

[3] BASTOS, Sousa. Carteira do Artista: apontamentos para a história do Theatro Portuguez e Brazileiro. Lisboa: Antiga Casa Bertrand-José Bastos, 1898, p. 237.

[4] O Leopoldinense, ano IV, nº 07, 11 de fevereiro de 1883, p. 4.

[5] Ibid.

[6] Ibid.

[7] Ibid.

[8] Ibid.

[9] O Leopoldinense, ano IV, nº 09, 25 de fevereiro de 1883, p. 2.

[10] Ibid.

[11] Ibid.

[12] BASTOS, Sousa. Carteira do Artista: apontamentos para a história do Theatro Portuguez e Brazileiro. Lisboa: Antiga Casa Bertrand-José Bastos, 1898, p. 228.

 

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ANEXO

CARNAVAL

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 “Evohé! Carnaval! Elle ahi está, leitor, e com elle o reinado pleno da loucura e da folia! Já hontem se notava pela cidade um desusado movimento, um grande enthusiamo pelas festas que começam hoje! Evohé! Carnaval!… Esta por toda a parte o riso franco, a gargalhada victoriosa. Momo ahi está, Deus victorioso da alegria infernal, da algazarra e da folia. Ri com elle, leitor! Deixa esse tom casmurro com que atravessas 362 dias do anno e nesses trez rapidos dias em que o seu reinado impera entre os homens, ri, canta, pula, dança! Anda por tudo um enthusiasmo imprevisto! Campeia pelas ruas a mocidade alvorotada, nas pugnas gloriosas da folia e da loucura!

Notava-se hontem á noite, na cidade, um desusado movimento. A mocidade de nossa terra, sempre avida de rir e de folgar, desde hontem se entregava aos folguedos carnavalescos. O “confetti” dançou nos ares, e os lança-perfumes encheram o espaço de um activo perfume de ether e essencias. Carnaval!

No parque Felix Martins, o lindo logradouro publico do largo do mesmo nome que é o ponto de reunião, ás tardes, das familias leopoldinenses, realizou-se hontem uma grande batalha de confetti entre rapazes e senhoritas de nossa sociedade.

Hoje, realisa-se no Theatro Alencar o primeiro dos dois grandes bailes carnavalescos levados a effeito pela nossa mocidade. Os ultimos preparativos para isso já se acham terminados e o Alencar, magnificamente adornado, apresenta um lindo aspecto. A commissão encarregada da expedição de convites fez distribuir hontem os mesmos ás familias leopoldinenses, e serão sem duvida concorridissimos, dado o enthusiasmo reinante para o mesmo. A Gazeta recebeu para elles um gentil ingresso, que muito agradece.

Os “cordões” que, durante tres dias de folguedos sahirão á rua emprestando ao carnaval deste anno, entre nós, uma nota verdadeiramente chic, fizeram hontem os seus ultimos ensaios e preparatorios. São elles os das Camponezas, das Italianas, dos Pierrots, e dos Maitacas. Sabemos que um novo cordão se prepara para os festejos: – o Bloco das Japonezas, constituido de distinctas senhoritas de nossa cidade. Assim, pois, se revestirá inquestionavelmente de um brilho extraordinario, o Carnaval deste anno.

Percorreu hontem as ruas da cidade um Zé Pereira formidando e ensurdecedor. Hoje, ás 4 horas da tarde, em pleno reinado da folia, um outro Zé Pereira abalará, numa algazarra infernal, as ruas de Leopoldina.

Hontem, ás 7 horas da noite, distinguiu-nos com a sua visita uma commissão de distinctas senhoritas do Bloco das Japonezas, que em nosso escriptorio cantaram alguns versos dos quaes conseguimos apanhar estes:

“Tentei fazer um véo

De seda fina,

Para ter luxo e gosto

Em Leopoldina.

Di-di, Ná-ná,

P’rá lá, vem cá,

Vem cá!

Adeus! Oh minha gente

Até a vista…

Então repetiremos

Nossa revista

Tão-tão, Tão-tão

Viva o bom

Japão!”

O Bloco das Japonezas, deverá sahir á tarde, de carro, percorrendo a nossa cidade.

O Cordão das Maitacas, que é constituido de gracis meninas até dois annos, será uma nota encantadora nos folguedos projectados para a recepção de Deus Momo. Evohé! Carnaval!

Está organizado o Bloco das Cabecinhas Vermelhas. E’ constituido exclusivamente de creanças e promette ser uma nota chic nas festas de Momo. Uma gentil representante do Bloco das Cabecinhas Vermelhas distinguiu-nos hontem, á noite, com a sua visita e disse-nos que o bloco fará nos grandes tres dias coisas do “arco da velha”. Saudamos os cabecinhas vermelhas!

Um grupo de socios do Ribeiro Junqueira Foot Ball Club pretende organizar para amanhã um “match” a phantasia.”

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERTOLD, Margot. História Mundial do Teatro. 6º. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2014.

CARNAVAL. Gazeta de Leopoldina, ano XXI, nº 252, 05/03/1916, página 4. Leopoldina: MG, 1916.

CASCUDO, Luis da Camara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Ediouro, 2000.

GUINSBURG, J.; FARIA, João Roberto; LIMA, Mariangela Alves de. Dicionário do Teatro Brasileiro: Temas, Formas e Conceitos. 2ª ed. ver. e ampl. – São Paulo: Perspectiva, Edições SESC SP, 2009.

MENEGHITE, Luciano Baía. Vitalino da Arte, Vitalino Duarte. Leopoldinense. Leopoldina, MG, 2014. Disponível em: <https://leopoldinense.com.br/noticia/353/vitalino-duarte>. Acesso em: 06 de março de 2019.

PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro. 3ª ed. – São Paulo: Perspectiva, 2008.

PINTO, Tales dos Santos. História do Carnaval e Suas OrigensBrasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval.htm>. Acesso em 05 de março de 2019.

QUAL A Origem do Rei Momo?. Revista Super Interessante. São Paulo: Grupo Abril, 2011. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a-origem-do-rei-momo/>. Acesso em: 04 de março de 2019.

THEATRO E….O Leopoldinense, ano IV, nº 07, 11/02/1883, página 2. Leopoldina: MG, 1883.

NOTAS

[2] GUINSBURG, J.; FARIA, João Roberto; LIMA, Mariangela Alves de. Dicionário do Teatro Brasileiro: Temas, Formas e Conceitos. 2ª ed. ver. e ampl. – São Paulo: Perspectiva, Edições SESC SP, 2009, página 204.

[3] Publicado em Panorama do Teatro em Leopoldina, um blog WordPress, 2018-2019. Disponível em: <https://theatroalencar.wordpress.com/cronologia-do-teatro-em-leopoldina-anos-finais-do-seculo-xix-1880-a-1899/>. Acesso em: 05 de março de 2019.

[4] THEATRO E….O Leopoldinense, ano IV, nº 07, 11/02/1883, página 2. Leopoldina: MG, 1883.

[5] CARNAVAL. Gazeta de Leopoldina, ano XXI, nº 252, 05/03/1916, página 4. Leopoldina: MG, 1916. Diretor: Dr. Ribeiro Junqueira. Fonte de acesso: Biblioteca Municipal de Leopoldina, Centro Cultural Mauro de Almeida Pereira.

ANEXO

Imagens

Theatro e...
Reportagem Theatro E…, publicada no jornal O Leopoldinense, ano IV, nº 07, 11/02/1883, página 2. Leopoldina: MG, 1883. Disponível em: . Acesso em: 06/03/2019.

Reportagem Carnaval, publicada no jornal Gazeta de Leopoldina, ano XXI, nº 252, 05/03/1916, página 4. Leopoldina: MG, 1916. Disponível para consulta na Biblioteca Municipal de Leopoldina.

*Sobre o autor: Alan V. Barroso é professor na Secretaria de Educação de Minas Gerais, em Leopoldina. Discente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – PPGAC, da Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP. Licenciado em Artes Cênicas (UFOP) e especializado em Cultura em Literatura (FESL).

Gazeta de Leopoldina, n° 36, ano 7, 22/12/1901: Nota sobre apresentação de da Cia. Ismenia dos Santos em Cataguases

Gazeta de Leopoldina, n° 36, ano 7, 22 de dezembro de 1901, pág. 1: Pequena nota que informa:

Escute a matéria:

O grupo dramatico que em Cataguazes trabalha sob a direcção da laureada artista Ismenia dos Santos levará hoje a scena o importante drama A ROBADOURA DE CRIANÇAS.

Gazeta de Leopoldina, n° 35, ano 7, 15/12/1901: Grupo Dramático Comercial e Beneficente de Cataguases

Gazeta de Leopoldina, n° 35, ano 7, 15 de dezembro de 1901, pág. 1: Nota que informa:

Escute a matéria:

A culta sociedade cataguazense tem prestado justo preito de consideração a distincta artista Ismenia dos Santos e seus dignos companheiros que trabalham ali presentemente. O Grupo Dramatico Comercial e Beneficente, querendo prestar á intelligente artista mineira uma justa homenagem, em reunião realisada a 2 do corrente, denominou o seu elegante theatrinho, oram em construcção, com o nome de Ismenia dos Santos. E’ provavel que a inauguração do theatro tenha logar no dia 25, pelo que haverá escolhido festival artistico. Tão cavalheresco tem sido o acolhimento dispensado ao grupo que este resolveu permanecer ali durante a estação chuvosa. Dignos são por certo de todas estas considerações estes habeis paladinos da arte, infelizmente tão menos prezada entre nós.

Gazeta de Leopoldina, n° 32, ano 7, 24/11/1901: Cia. Ismenia dos Santos em Cataguases

Gazeta de Leopoldina, n° 32, ano 7, 24 de novembro de 1901, pág. 1: Pequena nota que informa: Continua a proporcionar á sociedade Cataguazense agradaveis diversões, o selecto grupo de artistas que trabalha sob a direcção de Ismenia dos Santos.

Escute a matéria:

 

Gazeta de Leopoldina, n° 31, ano 7, 17/11/1901: Matéria sobre as apresentações da Cia. de Ismenia dos Santos

Gazeta de Leopoldina, n° 31, ano 7, 17 de novembro de 1901, pág. 1: Matéria sobre as apresentações da Cia. de Ismenia dos Santos:

Assista ao vídeo-registro desta e outras matérias sobre Ismenia dos Santos no Alencar no final de 1901:

Escute a matéria:

THEATRO – Deu-nos ainda o escolhido grupo que trabalha sob a direcção de Ismenia dos Santos tres agradaveis diversões. Sabbado, teve logar o beneficio do estimavel Durval e R. Gimenez constando o espectaculo das comedias UMA MULHER COM DOUS MARIDOS; NÃO TEM TITULO e um pequeno intermedio. O desempenho foi correcto dando todos os artistas verdadeiro realce a seus papeis. Domingo, deram-nos a magnifica peça O LENÇO BRANCO comedia drama em 3 actos, na qual Ismenia dos Santos, Julia e Duval conquistam enthusiasticos applausos. Effectivamente a peça é muito bem escripta e foi admiravelmente interpretada. Quarta-feira teve logar o ultimo espectaculo em beneficio do sympathico artista A. Moraes, o qual devido ao pessimo tempo foi pouco concorrido. Compoz-se elle do drama O REMORSO, delicada e modernissima peça e das comedias NÃO HA FUMO SEM FOGO e OS TRINTA BOTÕES. Quer em uma, quer em outra a gentil Julia e o espirituoso Duval, principaes figuras das peças, foram correctissimos. Cantou o intermedio O CAFÉ DE PORTO RICO, a sra. Pepa Lopes que foi muito applaudida sendo bizado. Eis o resumo das tres ultimas diversões que proporcionou ao nosso publico o selecto grupo. No dia 15 estrearam em Cataguazes e é de esperar-se que a culta platéa d’aquella adiantada cidade os tenha devidamente apreciado. Aos distinctos artistas que trabalham sob a direcção do laureado nome de Ismenia dos Santos, almejamos larga messe de applausos que serão apenas uma justa homenagem prestada ao verdadeiro merito.

Gazeta de Leopoldina, n° 30, ano 7, 10/11/1901: Matéria sobre Cia. Ismenia dos Santos

Gazeta de Leopoldina, n° 30, ano 7, 10 de novembro de 1901, pág. 1: Longa matéria sobre as apresentações da Cia. de Ismenia dos Santos.

Assista ao vídeo-registro da matéria:

Escute a matéria:

[…] Quinta-feira realizou o seu beneficio a gentil e intelligente artista Julia dos Santos, que auxiliada por algumas pessoas, conseguio uma casa mais do que regular. […] Quer na primeira quer na segunda comedia, revelou-se a intelligente artista senhora do palco. […] Na comedia FOGO E GELO fez a princeza, Ismenia dos Santos e escrevendo este nome temos dado a nossa opinião. […] Hoje com um attrahente espectaculo despede-se a companhia que em demanda de outras localidades vai proporcionar aos apreciadores de bons divertimentos agradaveis horas. O programma de hoje é o seguinte: O LENÇO BRANCO, comedia-drama em 3 actos, que tem feito verdadeiro sucesso nos centros os mais civilizados e mais uma comedia em 1 acto.

 

Gazeta de Leopoldina, n° 29, ano 7, 03/11/1901: Resenha sobre Cia. de Ismenia dos Santos

Gazeta de Leopoldina, n° 29, ano 7, 03 de novembro de 1901, pág. 1: Longa matéria que informa o retorno da Cia Dramática de Ismenia dos Santos em Leopoldina:

Assista ao vídeo-registro desta matéria:

Escute a matéria:

THEATRO – Devido ao mau tempo, não foi possível a estréa do distincto grupo de artistas que trabalha sob a direcção de Ismenia dos Santos, ante-hontem conforme fora annunciado. Apezar de ser um espectaculo de assisgnatura, não quiz a intelligente artista realizal-o, attenção está prestada ao publico d’esta cidade. Hoje teremos dois espectáculos, um em matinée, divertimento este dedicado especialmente as exmas. familias, que poderão levar os seus filhinhos e proporcionar-lhes horas agradaveis livres dos perigos de um espectaculo a noite. Constará a agradavel diversão das seguintes peças SALTEADORES DE MAFRA, comedia em 2 actos, os brilhantes intermedios POBRE CHICA; PST, PST; DUO DOS PARAGUAS e a comedia O ADVOGADO DO DIABO devendo começar o espectaculo as 4 horas da tarde. Darão ingressos a este espectaculo os bilhetes de assignatura de côr amarela. A noite será levado a scena o magnifico drama O PADRE GABRIEL, e a interessante comedia UMA CHAVENA DE CHÁ. Darão ingresso a esta segunda diversão os bilhetes de assignatura de côr azul. Vae portanto o distincto grupo que pelo seu incontestavel merecimento é digno de todo o apoio publico, proporcionar a nossa platéa momentos agradabilissimos. A nossa cidade que é tão falha de divertimentos, deve receber sempre de braços abertos estes paladinos da arte, que de longe vêm quebrar a monotonia da nossa vida, especialmente quando se trata de artistas da nomeada de Ismenia dos Santos, Julia dos Santos e seus dignos companheiros. Sabemos que a illustre corporação muzical Lyra Leopoldinense, pretende auxiliar generosamente os dignos artistas, resta ao publico fazer o resto, e, estamos certos, o fará. Ao theatro pois amantes de agradaveis diversões.

Gazeta de Leopoldina, n° 21, ano 7, 07/07/1901: Nota referente ao Circo Temperani

Gazeta de Leopoldina, n° 21, ano 7, 07 de setembro de 1901, pág. 1: Nota referente ao Circo Temperani:

Escute a matéria:

Está n’esta cidade a companhia equestre dos Irmãos Temperani, que pretende dar aqui alguns espectaculos. Consta-nos que é uma companhia que dispõe de artistas de merito e que tem trabalhos dignos de nota. O circo está armado no Largo Visconde Rio Branco sendo hoje a estréa.

Na mesma página é anunciada a apresentação do Grupo Scenico João Caetano no Theatro Alencar, com participação da banda Lyra Leopoldinense para execução do Hino Nacional em festejos ao dia de 7 de setembro.

Escute a matéria: